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Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

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ZOOM-IN: Em 25 anos, o que mudou em O Rei Leão?

09.07.19 | Maria Juana

Há 25 anos atrás, estreava nas salas de cinema um filme de animação… diferente. Não tinha princesas nem príncipes encantados, daqueles que usam roupas estonteantes e cantam músicas épicas. Não havia um reino mágico, nem magia que tornava os vilões mais fortes ou mais fracos. E, no entanto, era um filme que tinha tudo isso. 

O Rei Leão estreou há 25 anos, produzido por uma Disney com algum receio. Apesar das expectativas estarem relativamente elevadas depois da estreia do primeiro trailer, o estúdio continua a recear que a animação, a história e o facto de se passar totalmente na savana africana pudessem estar à altura. 

Mas esteve. 25 anos depois, não só continua a ser um dos filmes que mais pertencem ao imaginário cinematográfico de qualquer criança e adulto, como desperta um sem número de emoções sempre que assistimos.

Além disso, ainda continua a inspirar artistas, tanto que esta nova versão de 2019 está cheia de escolhas e formas de arte que não eram possíveis há 25 anos. E não falamos apenas da tecnologia utilizada: a alma, a perspetiva sobre a história e o carinho por ela tornam a sua produção uma história de amor, mais do que um remake como os outros.

Só que precisaríamos mesmo dele?

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Há 25 anos, a Disney estava no seu pico de produção e de sucesso. A aposta de Walt Disney estava a dar certo e era certo também que os profissionais dos estúdios eram capazes de trazer ao público animações e histórias apaixonantes para miúdos e graúdos. Porque haveria então tanto receio nas vésperas da estreia de O Rei Leão, é difícil de perceber.

Bem, se considerarmos os riscos para os estúdios, talvez haja alguma justificação. Até então, a Disney tinha-se “limitado” a adaptar argumentos e livros que outros já tinham lançado. Eram histórias conhecidas, já queridas pelo público, cuja responsabilidade da Disney era materializar - como um bom filme de animação faz. 

Mas com O Rei Leão foi diferente. Esta era uma história original, a primeira, aquela que punha à prova não só quem punha as mãos na massa na hora de fazer bonecos, mas também a criatividade de quem escrevia e compunha. 

Hoje sabemos que o risco compensou, depois do sucesso de bilheteira que foi na altura e dos prémios que recebeu. Mais prova ainda são os sentimentos que ainda desperta, como se tivesse sido realizado ontem. É das histórias que ficam, que continuam a fazer sentido anos e anos depois e que, por isso, continuam a fazer parte das nossas vidas. Os leões não mudaram muito, nem as suas motivações nem as conclusões a que chegamos. 

Nem precisamos de algo muito realista para perceber que é inspirado na própria Natureza - até a humana. Se todas as histórias têm uma inspiração em que as cria, porque será aqui de diferente?

Para Jon Favreau, que realizou a versão de 2019, não há diferença. O realizador foi escolhido pela Disney no final de 2016 para realizar o filme depois do sucesso de O Livro da Selva nas bilheteiras - um filme que conseguiu juntar live-action e animação num só. Não, não foi o primeiro (ninguém se esquece de Quem Tramou o Roger Rabit? !), mas o realismo que conseguiu dar ao filme pedia mais. Para O Rei Leão, o objetivo era claro: conseguir regressar ao passado, criando surpresas ao espectador, seja pela forma de imagem como pela própria história. 

 

Favreau já tinha dado mostras de engenho, não só em O Livro da Selva. Revisitou a banda desenhada e trouxe ao grande ecrã o primeiro Homem de Ferro, iniciando o que hoje é um Universo Marvel com 10 anos. Tem olho para o que o público quer, mas ainda mais um amor pelas histórias e por aquilo que podem acrescentar nas nossas vidas. 

Foi por isso, e por querer o maior realismo possível em O Rei Leão, que pensou em tudo ao pormenor - ele e toda a sua equipa, que um filme não é feito apenas por um realizador. Há câmera men, há cinematografos, diretores de fotografia que fazem toda a diferença para que o plano seja o melhor possível; neste caso, há animadores que tornam qualquer objeto em realidade. Para o Rei Leão, houve ainda um método de filmagem quase feito à medida. 

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A equipa de O Rei Leão durante as filmagens

Esta nova versão não é um live-action, mas também não é um filme de animação. Os atores foram filmados a representar cada uma das cenas para dar pistas aos animadores dos seus traços e personalidade, movimentos e postura. No entanto, essas pistas foram aplicadas a personagens animadas, inspiradas em animais verdadeiros. Como Favreau afirma, até pode ser mais feio do que o original, desde que seja o mais real possível. 

Ao contrário dos restantes filmes de animação, este também não foi criado apenas no papel. Tal como num filme tradicional, houve câmaras a rolar, enquanto os personagens (os verdadeiros, os animais) representavam as suas cenas num cenário criado e visto através de óculos de realidade virtual. Nesse cenário, a luz foi ajustada, a captação de movimentos alertada para quando se tinha de ir mais para a esquerda ou mais para a direita e os próprios personagens sofreram alterações, enquanto a equipa passeava pela savana africana como se estivesse mesmo lá.

Passaram dias com óculos de realidade virtual, onde a cena a gravar se desenrolava à sua volta. Cá fora, no mundo real, alguém ajustava sensores e câmaras para que a cena vista nos óculos estivesse impecável. E só depois disso é que os animadores puderam fazer a sua magia. 

A tecnologia está a permitir-nos viver O Rei Leão de forma diferente. Mais do que isso, está a levar os criadores a caminho novos, em que não estamos limitados pela realidade, mas antes a usamos como inspiração sem que isso tire realismo à ação.

Pode parecer estranho porque é que alguém haveria de querer isto. Ou queremos realismo, ou animação, de que serve a mistura? Apesar de não existir uma resposta simples, é fácil compreender que as novas gerações não querem meias medidas. Enquanto que há histórias que a pura ilustração e animação nos contam a história, outras pedem o maior realismo possível que a tecnologia nos permite atingir - não porque as câmaras captam mais ou melhor, mas porque filmam o que não existe. 

 

Este novo O Rei Leão é para a nova geração, mas é também para aqueles que ainda vivem a história com intensidade. É para os que querem ver mais do que um filme de animação, mas continuam a viver no imaginário em que leões e pássaros convivem num reino hamletiano. É para os que ainda não conhecem, e para aqueles que querem revisitar o universo que tanto gostam. 

Não é uma questão de precisar de uma nova versão, mas sim de acrescentar mais do que já foi feito. 

De outra forma, como é que conseguiríamos ter um dueto deste entre o Simba de Donald Glover e a Nala de Beyonce? Mais do que a tecnologia, o cast é impressionante o suficiente para nos fazer não questionar a sua existência. Seth Rogen, Chiwetel Ejiofor, Alfre Woodard, Billy Eicher, John Oliver e o original James Earl Jones são alguns dos nomes que impressionantemente se juntam aos protagonistas. 

Quem não quer assistir a isto?

Eu quero, e quem se quiser juntar a mim pode fazê-lo a partir de 18 de julho. No dia anterior, algumas salas de cinema vão estar a fazer exibições de pré-estreia especiais, para os que não conseguem esperar. 

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