Thor: Ragnarok (2017) – uma comédia de super-heróis
Sinopse: Depois dos vários acontecimentos que viveu junto aos Vingadores, Thor (Chris Hemsworth) não regressou a Asgard. E quando regressa, algo não está bem. É quando tenta impedir a destruição do seu reino que acaba por ser preso num território desconhecido, do qual tem de tentar sair para salvar o seu povo.
Muitos têm criticado o facto deste terceiro Thor ser extremamente cómico. Taiki Waititi, o realizador neo-zelandês que esteve aos comandos de Ragnarok, é “acusado” de ter transformado Thor num filme de comédia.
E depois?
Mais do que Tony Stark, para mim Thor sempre foi o personagem Marvel mais cómico engraçado. Desde o seu desconhecimento dos hábitos humanos, à sua falta de modéstia, ele sempre foi altamente cómico.
Louvo a coragem de Waititi por ter assumido esse seu lado. A verdade é que estes não são supostos ser filmes altamente sérios. São super-heróis, raios! Não é um drama, é uma aventura. E Waititi teve a audácia acertada de ter sido consistente com a personalidade de Thor, e com essa ideia de que não vale a pena mascararmos a aventura com momentos dramáticos.
Nesse sentido, Thor:Ragnarok é um dos filmes Marvel mais consistentes e certeiros dos últimos tempos.
A vilã, Hela (Cate Blanchett)
Continuamos a ter uma presença constante dos restantes personagens e de todo o universo, não só graças à presença de Hulk, mas pelas várias referências ao longo do filme.
Mas isso é porque não podemos ver um filme dos estúdios Marvel como algo individual. Fazem parte de um universo muito bem montado.
O bom de Thor: Ragnarok é que nos leva para dentro desse universo, sem nos esquecermos de que estamos a contar a história do Deus do Trovão.
Isso pode fazer também com que pareça que tudo acontece ao mesmo tempo. Num momento estamos a ver Thor derrotar um antigo inimigo, noutro já está preso e a querer libertar Asgard de uma terrível ameaça.
É de facto tudo muito aleatório; as coisas tendem a acontecer muito depressa, mas não sem dar ao filme um ritmo muito interessante. Sobretudo porque, como dissemos de início, este é suposto ser um filme mais leve e cómico, por isso Waititi pôde dar-se algumas liberdade no que toca à forma como os acontecimentos são contados.
No meio de tudo isto, até pode parecer que a personagem de Cate Blanchett deixa de ter o protagonismo que merecia. Ela é Hela, Deusa da Morte e primogénita de Odin (Anthony Hopkins), feita prisioneira quando a sua ambição colocou Asgard em perigo.
Não tiro razão a quem chega a essa conclusão. Apesar de compreendermos o papel de Hela na história, e de não perder a sua importância, Blanchett tem um papel tão extraordinário que tinha de ter mais tempo de atenta. A sua vilã é incrível, sem respeito pela vida, ambiciosa como uma Deusa pode ser; é aterradora, e tem uma presença no ecrã fenomenal.
Tessa Thompson interpreta a última Valquíria de Asgard, um grupo de guerreiras cuja missão é proteger o trono.
Aliás, toda a presença feminina neste Thor é muito importante. Talvez piscando o olho a Mulher Maravilha (que fez História este verão), Thor:Ragnarok não só tem uma vilã feminina que põe muitos outros a um canto, como encontra um importante auxílio numa guerreira improvável. Porque as mulheres também podem ser relevantes (BA DUM TSS).
Portanto, só temos uma conclusão: quando os estúdios Marvel escolheu um realizador semidesconhecido para dirigir um dos seus filmes mais lucrativos, sabe o que está a fazer.
Waititi provou isso mesmo, mostrando como é que Thor consegue ser ainda uma das personagens mais queridas e bem construídas do seu universo. Não se deixou intimidar pelo seu orçamento de Hollywood gigante, e realizou um filme muito bem construído e engraçado, bem como Thor merece.
E nós, já agora.
***,5