REWIND: Recordem V de Vingança
Remember, remember the 5th of november, the gumpowder treason and plot.
I know of no reason why gunpowder treason should ever be forgot.
A 5 de novembro, está na altura de ano de nos recordamos de Guy Fawkes, e daqueles que o seguiram. Fawkes era um cristão britânico que, em 1604, entrou numa conspiraçãoo para matar o Rei de Inglaterra. O seu falhanço ganhou notoriedade, e o dia 5 de novembro passou a ser celebrado no Reino Unido como o dia em que a ordem se manteve. Até chegar V.
Ver V de Vingança é uma experiência. Vai além de um filme, que vemos cientes que temos uma história e personagens sobre as quais fala. É uma obra que nos obriga a refletir e a pensar, e que nos faz ver como o 5 de novembro não deve ser celebrado como o dia em que alguém falhou, mas como o dia em que alguém tentou desafiar a ordem.
É isso mesmo que V tentar fazer: desafiar e mudar a ordem dos acontecimentos. A sua história passa-se numa Inglaterra distópica, governada por fascistas. V quer lutar pela liberdade, e libertar-se dos seus demónios; quer que outros deixem de sofrer o mesmo que ele sofreu, e quer mostrar que o povo, quando unido, pode alcançar os seus desejos.
No fundo, esta é a mensagem. Mas para lá chegarmos, não basta vermos o filme com atenção: temos de pensar, de olhar cada cena com cuidado e refletir sobre aquilo que nos estão a mostrar.
Por isso mesmo, não é um filme fácil. Faz-nos lembrar o romance 1984, de George Orwell, ou o que poderia vir a ser uma Alemanha Nazi se Hitler tivesse continuado no poder. Mais, faz-nos ver que, por vezes, o controlo está mesmo nas nossas mãos, e temos de sacrificar o nosso conforto se queremos ir além daquilo que nos parece possível. É extremamente político, mas também humano.
O facto de não ser fácil não significa que não deva ser visto. De facto, é daqueles filmes que todos devem assistir pelo menos uma vez na vida, nem que seja para ver como podemos comunicar com emoção e convicção mesmo sem mostrarmos a cara – e aí, o mérito vai todo para Hugo Weaving, que interpretou V.
V de Vingança é daqueles filmes que não se explicam – apenas se vê. Podíamos contar por todo o resto da tarde a falar sobre as suas implicações e características, mas a verdade é que cada um de nós retira algo de diferente do filme.
É claro que podíamos explicar as raízes de V, que se inspira em Guy Fawkes e na conspiração da pólvora para seguir com a sua vingança. V quase que tenta continuar o trabalho de Fawkes, restabelecendo aquela que acredita ser a ordem correta. Se formos ver, esse era o objetivo de Fawkes e dos seus companheiros: trazer de volta para o trono um rei católico, como achavam que devia ser.
Se V conseguiu ou não, isso fica para aqueles que viram (ou vão ver) o filme. Não que o final seja importante; ou melhor, não que o final seja o mais importante.
O que me faz gostar tanto de V de Vingança é a viagem. É o percurso que fazemos desde o mesmo em que descobrimos o mundo de V, até percebermos as suas motivações. É refletirmos e pensarmos se faríamos o mesmo, escolher um lado e compreendermos porque escolhemos aquele lado. É dar conta que o amor está presente em tudo, e muitas vezes pode ser o que nos move.
Quando vemos V de Vingança, somos Evey, a jovem trabalhadora resgata por V que se vê obrigada a fazer escolhas, a perceber o seu lugar e desejos. Tambem temos de o fazer.
A minha foi escolha foi recordar V de Vingança todos os 5 de novembro. O pedido de V é feito: não nos vamos esquecer. Cabe-nos a nós aceitar o pedido.