Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

#ReleaseTheSnyderCut - o que é e o que significa para Liga da Justiça

20.11.19 | Maria Juana

Durante o fim de semana, as redes sociais (sobretudo o Twitter) foram invadidas de fotografias e e comentários cuja descrição era apenas uma hashtag: #ReleaseTheSnyderCut. Gal Gadot, Ben Affleck, Jason Mamoa, milhares de anónimos e outros milhares de críticos assaltaram a internet com um pedido simples: queremos ver a versão de Zack Snyder de Liga da Justiça.

Vamos recuar alguns anos para contextualizar.

#ReleaseTheSnyderCut é um movimento que existe desde 2017, após o lançamento de Liga da Justiça, o filme que junta alguns dos mais conhecidos super-heróis DC Comics. Durante a produção, o realizador Zack Snyder teve de afastar-se por motivos familiares e Joss Whedon foi convidado pela Warner Bros. para terminar o filme. No entanto, contam os rumores que Whedon sofreu imensa pressão por parte do estúdio para fazer alterações à história, desde diminuir a duração a filmar novas cenas e criar mais momentos de humor.

Resultado: o filme teve péssimas críticas e continua a ser o filme DC com menos receita em bilheteira. Há uma sensação de injustiça perante o que poderia ter sido, considerando que Snyder tem um estilo muito próprio no que toca a filmes de ação e a expectativa para Liga da Justiça estavam bastante elevadas. O sucesso de Mulher Maravilha e Aquaman vieram confirmar que de facto alguma coisa não estava bem, bem como os rumores de que Snyder já tinha várias partes do filme terminadas, confirmado pelos stills nunca visto que foi partilhando ao longo do tempo.

Desde que os rumores começaram e o movimento ganhou força que os fãs, sentindo-se enganados, pressionam a Warner para libertar o cut que Snyder já tinha preparado. Este fim de semana, no aniversário do lançamento do filme, a pressão ganhou novas proporções quando o próprio elenco se juntou ao movimento.

Não é novidade que a pressão nas redes sociais pode ser determinante para fazer que grandes estúdios tomem decisões que vão ao encontro do desejo do público. No início do ano, James Gunn foi afastado da realização de Os Guardiões da Galáxia 3 quando vieram a lume alguns tweets menos politicamente corretos da sua parte, com uma década de idade. A pressão foi tal que a Disney voltou a trás na decisão. O mesmo aconteceu com o novo filme de Sonic: os fãs ficaram tão descontentes com o aspeto do ouriço que a produção foi obrigada a atrasar para que toda a animação fosse refeita com um novo visual. 

Nestes dois casos, os resultados da pressão foram até favoráveis - as declarações de Gunn eram demasiado antigas para serem consideradas relevantes e o próprio já se tinha explicado em alturas anteriores, e de facto o primeiro Sonic não tinha o cu a ver com as calças.

Ainda assim, estas são situações à parte, em que a criatividade dos cineastas não é totalmente posta em causa - no caso de James Gunn, muito pelo contrário. O que aconteceu em Liga da Justiça foi o que Martin Scorsese tem questionado nos últimos tempos: quem são os estúdios ou as reações do publico para ditarem a criatividade de um realizador e o resultado final de um filme? 

Não são ninguém. O que aconteceu com a Liga da Justiça foi uma resposta à pressão do lucro e das críticas favoráveis, uma corrida contra a Marvel que usa cenários e uma fotografia muito mais simpática. E o resultado foi um filme sem pés nem cabeça, sem qualquer marca criativa em que podia ter sido muito maior.

Por aqui, queremos muito ver o cut de Zack Snyder. Pode não estar completo, pode até estar a preto e branco, mas queremos vê-lo. É triste que a Warner não pareça estar muito afim de o fazer, mas continuaremos com o movimento.