Pantera Negra (2018) – O filme de que todos precisávamos
Sinopse: T’Challa (Chadwick Boseman) está preparado para assumir a sua herança como rei de Wakanda e Pantera Negra. Mas a chegada de um vilão inesperado não só o fazem questionar a História de Wakanda, como o futuro do seu país e do seu papel no desenvolvimento de outras Nações.
Quando Pantera Negra estreou foram hasteadas bandeiras de igualdade e representatividade. Para o mundo, ter finalmente um super-herói negro, no filme com mais negros por metro quadrado em destaque de sempre, foi a prova de que as mentalidades começam a mudar.
Sobretudo numa época em que tanto se fala sobre representatividade e minorias em Hollywood. Nós, os caucasianos da maioria, podemos não nos aperceber mas temos vivido até agora num mundo em que essas minorias se vêem representadas como secundárias. Quando acreditamos no Cinema como reconciliador da realidade e abrimos os olhos, o cenário não é bonito.
Pantera Negra veio dar um pouco mais de equilíbrio, tal como Mulher Maravilha fez o ano passado. E ainda por cima é tão diferente, tão novo, tão divertdo que se torna num blo9ckbuster que vale a pena ver por aquilo que é: um filme de super-heróis.
Está mesmo muito bom.
Apesar de já conhecermos um pouco de T’Challa, agora vamos às suas raízes. Vemos a sua terra, a sua família, e sobretudo as suas tradições.
É muito interessante ver a importância com que as raízes e ideias que associamos a tradições africanas estão tão presentes. Não sei se de forma fidedigna, ou apenas mediatizada, mas a verdade é que pela primeira vez assumem um papel de destaque e importância no berço da vida, e nas tradições de tantas populações.
Porque não há dúvida de que Pantera Negra foi mesmo desenvolvido e criado para mostrar que todos podem ser heróis – até os africanos. Há uma grande preocupação em mostrar esse lado, e foi muito bem conseguido num argumento que consegue mesmo assim ser cómico e digno dos melhores filmes de ação.
Todo o filme é um equilíbro constante entre ação, comédia e seriedade, porque não se trata apenas de mostrar que a comunidade afro-americana tem o que é preciso para ser destacada: trata-se também de mostrar que as mulheres podem ser responsáveis pela segurança de um rei, ou pequenos génios da tecnologia.
Esse equilíbrio constante traz aos filmes do Marvel Studios uma dimensão que até então não existia: consciência social. E atenção, não é obrigatório que todos os filmes a tenham. Porém, sabemos que este é um bom filme quando consegue tê-lo, sem perder aquilo que gostamos nos filmes de super-heróis. Continua a existir cenas de pancadaria, alguma comédia e um vilão para detestar.
Se bem que Killmonger não é um vilão como os outros. O que Michael B. Jordan nos apresenta é quase um anti-vilão que nos custa odiar. Sim, é verdade que ele quer ser um ditador e rular na Terra, mas também o quer fazer para ir contra a escravatura do seu povo, contra a desigualdade que sempre viveu na pele, num verdadeiro #BlackLivesMatterAndRule. Óbvio que continuamos a torcer por T’Challa, mas vá lá, ao menos é um vilão com um pouco de educação!
Sim, Pantera Negra é mesmo o filme de que estavamos a precisar. Precisavamos de um filme que nos mostrasse que a representatividade e igualdade de papéis é possível em filmes pipoca, e é possível em blockbusters de super-heróis.
E é possível bem feito. O trabalho que fizeram aqui e em Mulher Maravilha demonstra como não são só os homens brancos e conseguir salvar o mundo; temos muitas mais pessoas capazes, com todas as cores e órgãos no meio das pernas.
É tão bom de perceber!
***,5