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Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

O Rei Leão (2019) - Longa vida ao Rei

19.07.19 | Maria Juana

Quando se soube que O Rei Leão ia fazer parte das produções live-action da Disney, a primeira pergunta a ser feita foi um ‘Como?’ muito surpreso e confundido. Seria uma adaptação da história com pessoas e no mundo atual? Seria antes uma versão do musical da Broadway para o Cinema? Durante algum tempo, creio que ninguém ponderou um resultado semelhante ao que agora vemos: uma mistura entre animação e mundo real, que nos permite manter a mística original enquanto nos dá o traço de realidade que estes live-action pretendem trazer. 

Nunca foi intenção fazer um remake, daqueles em que os autores mudam a história ou direcionam a narrativa conforme acham melhor. O Rei Leão é um filme demasiado irónico para várias gerações para alguém ter a ousadia de o experimentar. 

Não, aqui o objetivo foi claro: ser realista, homenageando o trabalho, história, atores e cenários originais. 

Por isso, vamos por um momento pôr de lado a estranheza que é ver um documentário da National Geographic com animais que falam. Porque é estranho; numa animação, sabemos que tudo é possível, que podemos pôr um leão a franzir o sobrolho ou a sorrir abertamente. Mas isso não acontece na vida real…

Este limiar entre a realidade e a animação foi, a meu ver, o grande desafio do trabalho de Jon Favreau. O seu papel enquanto realizador não foi tanto o de recriar a sua visão de raíz, mas sim de encontrar as melhores soluções para dar um novo rumo a uma história que todos conhecemos de cor. E nisso, não há como dizer que não tenha sido uma escolha certeira. 

Favreau já tinha mostrado como está mais do que apto para dar uma nova roupagem a personagens que conhecemos bem. Foi ele o responsável por trazer à vida o Homem de Ferro, em 2008 e o Livro da Selva, em 2016, e a cada desafio mostra a sua capacidade em encontrar métodos de trabalho e tecnologias que conseguem proporcionar as melhores experiências na sala de cinema. 

Aqui, não só a tecnologia teve um papel determinante para o seu trabalho, como a escolha do elenco e a sua direção foram determinantes. Se não há forma de mostrar emoção através da expressão facial, é na voz, na capacidade de interpretação que vemos as nuances de qualquer transtorno. 

Não se iludam, não é perfeito. A tecnologia não é perfeita e a opção artística de ter as personagens o mais reais possível traz uma série de dissonâncias cognitivas que é impossível não sentir ao longo de todo o filme. É tudo muito… estranho. Outros gostam de criticar o facto de ser quase uma cópia perfeita do filme original; são os mesmos planos de corte, as mesmas perspetivas, as mesmas emoções… 

 

 

E depois?

O objetivo não era a perfeição. O objetivo era recriar o Rei Leão, mostrar uma história de amor entre o público e estas personagens, diálogos e canções, relembrar porque é que nos apaixona tanto esta história. Nunca foi afirmado que era suposto ser uma coisa diferente do que aquela que conhecemos. 

Temos um elenco incrível a dar voz a personagens incríveis. Continuamos com um argumento coeso nos seus momentos, fiel ao original mas com o seu próprio cunho (as improvisações de Seth Rogen e Billy Eichner são qualquer coisa de genial). Saímos da sala de cinema com uma sensação de dever cumprido porque mesmo com todos os problemas e estranhezas, este é o Rei Leão de que nos lembramos. 

Sou honesta o suficiente para afirmar que as minhas expectativas nunca estiveram sobejamente elevadas para este filme (nem para nenhum live-action da Disney, na verdade) - eu só queria que não estragassem as minhas memórias e aquilo que gosto tanto no Rei Leão. 

Nesse sentido, estou tranquila. Eu ri (muito), eu chorei (não tanto, mas aconteceu), eu apertei a mão a quem estava ao meu lado porque sabia exatamente o que ia sentir na cena seguinte, eu disse as falas para mim própria ainda antes do personagem - tal como faço quando estou a ver o Rei Leão em casa. 

Para mim, isso era tudo o que queria. 

Não é perfeito, mas nenhuma história de amor é. Esta não estava destinada a ser e, ainda assim, foi um momento de cinema que nenhum de nós deverá conseguir esquecer. 

Já agora, aproveitem para rever a banda sonora original. Cada ator traz algo de novo e de tão bom… 

****,5