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Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

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Mini-guia sobre The Witcher, a série de fantasia que quer destronar GoT

07.01.20 | Maria Juana

Spoiler alert: não vai destronar nada, mas isso não é uma coisa má. Já lá vamos.

 

The Witcher é a mais recente série Netflix com laivos de fantasia e Idade Média. Baseada nos livros de Andrzej Sapkowski, foi das séries mais aguardadas para o final de 2019 e, agora que todos já fizeram binge watch, tem já segunda temporada confirmada para 2021.

Se ainda não sabem bem do que é que se trata, nada temam!  Aqui no Fui ao Cinema preparámos um guia tudo-em-um onde podem finalmente perceber o raio é que andam todos a falar quando mencionam bruxos mutantes e o que The Witcher tem (ou não) de especial.

 

Afinal, o que é o The Witcher?

Começou por ser uma série de livros escrita pelo autor polaco Andrzej Sapkowski que tinha Geral of Rivia, um dos últimos bruxos do Continente, como protagonista. A série foi publicada em 1993 pela primeira vez, baseada em contos e histórias do folclore eslavo sobre o destino. Ao longo dos anos foram publicados vários romances e contos, recolhendo uma legião de fãs um pouco por todo o mundo.

O grande boost veio em 1997 com o lançamento do videojogo inspirado nas personagens e universos de The Witcher e que tinha também Geralt como protagonista.

A série, no entanto, segue os acontecimentos narrados nos primeiros livros de Sapkowski. Apesar do arco mais conhecido estar nos videojogos, a produção da Netflix é adaptada diretamente dos romances - por isso, se são daqueles que gostam de ler a obra antes de ver a adaptação, preparem-se para uma maratona.

 

Quem é Geralt of Rivia?

Geralt, aqui interpretado por Henry Cavill, é um dos últimos bruxos do Continente e o protagonista da série. Os bruxos (ou witchers, na sua versão inglesa) são humanos que, quando jovens, são alvo de mutações e testes de sobrevivência para elevar as suas capacidades e ganhar a vida a capturar e matar monstros que perturbem as cidades e vilas do Continente. Sempre a troco de moeda, não são vistos com muito bons olhos - mesmo que Cavill transpire tudo mesmo repulsa… São o equivalente a mercenários de monstros.

É através da visão de Geralt que conhecemos o Continente, o local onde se passa a trama. É também através dele e da sua história de vida que somos apresentados a Yennefer (Anya Chalotra) e Ciri (Freya Allan).

A primeira é uma maga, que ao revelar capacidade mágicas é enviada para um género de escola de feitiçaria. Como outros magos, consegue controlar o Caos - uma espécie de Força, ou a energia que nos rodeia. O objetivo da sua formação é encontrar com fórmulas de o controlar que depois possam ajudar os Reis e cortes para os quais são destacados. Só que Yennefer é um pouco rebelde e afasta-se das normas.

Já Ciri é a herdeira de Cintra (também tem um castelo, faltam-lhe as queijadas) e alvo de um poder que ainda não conhece bem. É demasiado jovem e orfã, criada pela avó e Rainha Calanthe.

No fundo, toda a série gira em volta destas 3 personagens e em como, à força do  destino, se veem ligadas entre si.

 

O que é que isso significa?

Significa que, apesar de esta ser uma série de fantasia, com magia, monstros e humanos com capacidades sobrenaturais, é sobretudo uma história sobre o destino, aquilo que a vida nos reserva e a família.

Esta ideia do destino é muitas vezes encontrada em livros e histórias de fantasia do género; os protagonistas guiam-se por uma força que os “obriga” a salvar o mundo, são puxados pelo destino a agir desta ou daquela forma em prol do bem maior.

Aqui, se bem que não está propriamente a fugir do cliché, o destino ganha uma dimensão um pouco mais abrangente e “ditadora”. Todos estão à sua mercê e todos podem arcar com as consequências de o ignorar - normalmente, não muito lisonjeadoras. Em The Witcher, o destino ganha uma dimensão também familiar, mostrando como a família ou a sua falta podem ditar esse destino e os dias do seu protagonista.

 

Então é uma série super séria e filosófica?

Não, não se preocupem. A dimensão familiar e série existe, como existe o romance ou as aventuras. Faz parte da história, mas não a consome.

No fundo, é uma série de fantasia com tudo o que isso traz. Tem lutas, tem feiticeiros a lançar feitiços, tem guerras e até tem bardos que cantam os feitos dos seus heróis.

É puro entretenimento.

 

Mas vai mesmo destronar Guerra dos Tronos?

Onde é que a malta foi buscar essa ideia???

Juro que não sei.

Enfim, clickbait à parte (cof cof), são duas séries demasiado diferentes e em patamares completamente diferentes. Eu não conheço o material original da mesma forma que conheço GoT, mas arrisco-me a dizer que estão a anos-luz um do outro. Não no que toca a qualidade, mas sim naquilo que abordam.

The Witcher é uma história de fantasia muito diferente, que se apoia nos elementos mais comuns da magia e feitiçaria à realidade humana e emotiva. GoT tem raízes mais concretas e um estilo muito próprio concentrado no poder, na política e na aventura individual das suas personagens. Isso leva a que a narrativa criada seja muito diferente, aquilo em que a história se foca torna-se diferente, bem como o seu ambiente - que, no caso de The Witcher, é mais aberto, mais aliado ao Continente e não tanto apenas a Geralt.

E claro, a questão do orçamento tem também a sua relevância. Nota-se que a produção de The Witcher tem as suas limitações orçamentais, mas a própria estética é tão diferente que não seria assim tão dramático. São mais as escolhas de direção, argumento e iluminação que acabam por ditar as maiores diferenças.

Por isso, não se trata de uma ser maior ou melhor do que a outra. São diferentes, vivem por si só e cada uma tem o seu mérito - e ainda bem que assim é.

 

Vale a pena ou não?

Posso ser suspeita porque fantasia é a minha cena, mas vale a pena. Apesar de não conhecer o material original, é claro que o enredo de The Witcher foi pensado para primeiro introduzir as personagens e os seus ambientes e só depois dar uma continuidade à sua história - e isso demonstra atenção para com os espectadores, respeito pela história e uma visão para o futuro muito concreta.

Apesar de parecer confuso ao início porque a narrativa não é cronologicamente direta, o enredo está bem delineado de início, ajudando o argumento de cada episódio a ficar mais claro e concreto. Não é daquelas séries em que vamos ficar com o rabo colado no ecrã, mas tem um ritmo constante agradável e que facilita o binge.

Há que dar os devidos props às cenas de luta corpo e corpo e no campo de batalha: não só estão bem coreografadas (e Cavill não usou um único duplo, diz ele), como estão bem filmadas, nunca criado aquela sensação de que estamos perdidos entre espadas, braços e armaduras. Há uma atenção especial dedicada a estas cenas e ainda bem, porque costumam ser das mais confusas neste tipo de série.

Concluindo, é uma série para quem gosta de aventura e fantasia, para os fãs de Guerra dos Tronos, mas também de Hunger Games ou Coração de Cavaleiro (sim, aquele filme com o Heath Ledger). Tem um cunho fantasioso muito presente, mas não é nenhum Harry Potter, por isso agrada facilmente a quem não costuma identificar-se com o género.

São 8 episódios que vão passar num instante. Se estão curiosos, arrisquem!

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