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Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

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La La Land (2016): por que anda a arrebatar corações

21.01.17 | Maria Juana

Sinopse: Mia (Emma Stone) é uma aspirante a atriz, que corre entre um emprego fixo e audições que podem dar-lhe o grande papel que ambiciona. Sebastian (Ryan Gosling) é um pianista de jazz que sonha abrir o seu próprio clube, e manter o género vivo. Ambos são apenas dois dos artistas que tentam singrar na cidade de Los Angeles, e cujos caminhos se cruzam.

 

 

Para falar sobre La La Land, é preciso um certo contexto. Ou melhor: para que possam perceber porque vou falar assim de La La Land, vão precisar de contexto.

 

Temos de começar pelo facto de este ser já considerado um dos filmes de 2016 (foi em 2016 que estreou, apesar de as salas portuguesas ainda não terem sido agraciadas com a sua presença). Quebrou recordes ao ser um dos maiores premiados da história dos Globos de Ouro, e todos esperam que repita a proeza nos Óscares.

 

Tudo em La La Land tem sido elogiado: as prestações de Stone e Gosling, o poder de direção de Damien Chazelle, a história poderosa que consegue dar-nos esperança no futuro, enquanto homenageia os grandes clássicos do passado.

 

A questão que se coloca é: será que La La Land merece toda esta atenção? É mesmo assim tão bom?

 

Os puristas que não gostam de filmes musicais, ou que preferem os que são muito profundos e filosóficos, vão dizer que não. Vão dizer que um filme como La La Land, que parece tão simples, nunca poderá ficar entre os grandes da história.

 

Estes últimos possivelmente esquecem-se que O Artista já conseguiu ganhar um Óscar sem praticamente ter sido dita uma única palavra. E esquecem-se que o grande cinema americano começou por ser assim, simples e cheio de notas musicais.

 

 O cantor John Legend participou no filme, não só como ator, mas na composição de uma das músicas e como produtor executivo do filme.

 

Não sei se La La Land é um dos melhores filmes do ano - mais por não ter ainda assistido à concorrência, não tanto por achar que não merece. Porém, uma coisa é certa: La La Land merece toda a atenção; é simples, é bonito, é mágico.

 

Posso ser suspeita, porque adoro musicais. No teatro ou no cinema, gosto quando conseguem conjugar a ação com músicas que nos fazem sentir tudo e mais alguma coisa.

 

O que Chazelle conseguiu ao escrever e realizar La La Land foi um filme de fantasia, que nos toca como um choque de realidade. Apesar de vermos números musicais a surgirem em sítios improváveis, sequências de dança a serem pensadas e sincronizadas no momento, toda a história toca-nos de uma maneira muito real e crua.

 

Mia e Seb são um pouco como todos nós. Eles lutam pelo seu sonho, apaixonam-se, tentam viver com os obstáculos que surgem numa relação, e têm de perceber o que é melhor, não só para si enquanto casal, mas enquanto indivíduos. Todos nós podemos passar por aí, e com certeza que vai acontecer num certo ponto da nossa vida.

 

Só que Chazelle (que em 2014 escreveu e realizou um dos filmes que mais profundamente mexeu comigo, Whiplash) consegue fazê-lo enquanto nos transporta para uma Los Angeles que é contemporânea, e ao mesmo tempo transpira a História de Hollywood e do cinema clássico.

 

 

É impossível não vermos La La Land sem pensarmos nos filmes da época dourada de Hollywood. A forma como está filmado, as sequências, alguns dos próprios diálogos das personagens levam-nos até uma época que todos pensavam que tinha sido deixada para trás.

 

É claro que o cinema evoluiu, e ainda bem. Mas o que Chazelle faz é uma homenagem a esses tempos, sem que para isso tenha de abdicar de tudo o que faz deste um filme mais do que contemporâneo.

 

Claro que a presença de Stone e Gosling dá um toque mais do que especial à ação. Eles cantam, eles dançam (bem ou mal, é discutível. O importante é que é genuíno) e, acima de tudo, interpretam com todas as emoções que têm no corpo. É impossível não ficar rendido à paixão que Gosling transpira enquanto toca piano, ou à fragilidade de Stone quando acredita que os seus sonhos não passam disso mesmo: sonhos.

 

Sem eles, acho que La La Land não seria a mesma coisa. Este é um papel que lhes assenta que nem uma luva.

 

Volto a dizer: não sei se este é o melhor filme do ano. É, com certeza, um dos mais bonitos e mágicos, e que eleva o amor a um outro patamar. A mestria de Chazelle, e as interpretações dos dois atores, merecem definitivamente os seus elogios.

 

O “problema” é que, às vezes, os filmes que mais nos tocam nem sempre precisam de ser os melhores. Nem sempre precisam ganhar Óscares e Globos de Ouro, ou de encherem manchetes de noticiários. La La Land pode ser um desses casos. Vai ficar com certeza na minha memória, e adoro que tenha sido feito.

 

E para mim, essa magia é que importa.

 

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