Já olharam para o vosso bilhete? Os lugares são marcados!
Sou uma defensora dos lugares marcados. Seja no cinema, teatro e até em concertos, os lugares marcados são a ferramenta mais interessante para mantermos a civilidade nos momentos em que temos tendência para não ser civilizados.
Não me levem a mal quando digo que o ser humano é altamente pouco civilizado. É verdade! Mesmo que o façamos inadvertidamente, com certeza que já vivemos situaçãoes em que cagámos para o bem comum e fizemos aquilo que bem nos apetecia.
E isso pode ser apenas sentar-nos num lugar que não nos pertence.
Recordo com alguma nostalgia o ido dia em que estreou em Portugal o filme O Código Da Vinci. Estavamos em 2006, eu era apenas uma criança, mas queria muito ver o filme de Ron Howard. Eu e os meus amigos conseguimos preencher uma fila inteira do cinema, mas mesmo assim, quando lá chegámos, dois marmanjos estavam sentados nos nossos lugares.
Tentámos ser civilizados, mesmo tendo em conta a nossa tenra idade. Pedimos que saíssem, pois aqueles eram os nossos lugares. Negaram, dizendo que eram deles. Nós voltámos a pedir educamente. Voltaram a negar. Mostrámos os nossos bilhetes, mas mesmo assim não saíram. Não nos deram outra alternativa senão armar um escândalo e chamar alguém com competência para os enxovalhar dali.
Escusado será dizer que os seus lugares eram péssimos. Não os julgo por tentarem a sua sorte.
Esta história criou em mim um reflexo terrível: detesto pessoas que não se sentam nos seus lugares. E gente que não sabe ser civilizada.
É que juro que não percebo. Se está impresso num papel que o vosso lugar é noutro sítio completamente diferente, por que raio é que não metem os argumentos num sítio que eu cá sei e apenas se levantam????
Atenção, não sou dona da razão. Já mais do que uma vez me sentei num lugar que não era o que me tinha sido atribuído. À socapa, já dePois do filme começar, lá fui para um sítio melhor, ou porque tinha um acabeça gigante à frente das legendas, porque tinha alguém muito irritante ao meu lado, ou só porque me apeteceu.
Mas não o consigo fazer sem ter a sensação constante de que a qualquer momento alguém pode chegar e declarar que o lugar é seu. Mesmo quando o filme está a acabar.
Como tudo, depende sempre da forma como lidamos com a situação. Não há mal que por algum motivo tenham optado ir para outro lugar, mas porque é que perdem tempo a argumentar que têm razão? Acham mesmo que vamos inventar um bilhete falso só porque cobiçamos os vossos lugares?
Vá lá, vamos ser razoáveis. O bilhete é que manda. Não é a vossa vontade.