Consegui. À última da hora, consegui bilhetes para assistir em primeira mão aquele que era um dos filmes mais esperados do ano. E ainda bem, porque é de outra galáxia!
Sinopse: com o fim do Império, uma nova força se levanta: a Primeira Ordem. Com a ajuda da República, os Rebeldes tentam derrotar novamente o lado negro, num mundo que esqueceu os Jedi depois do desaparecimento de Luke Skywalker (Mark Hamill). Mas todos estão numa corrida para o encontrar...
Este foi feito para os fãs. Não há dúvida de que J.J. Abrams é fã da saga e sabe perfeitamente o que queremos ver. Ele conhece o ambiente, os ângulos, os cortes e os pormenores necessários para nos transportar para a trilogia original, e mais do que isso respeitá-la e aqueles que a admiram.
Um dos problemas com as prequelas (os episódios I, II e III) é que deixaram de fora algumas das maravilhas que nos fazem gostar de Star Wars. Não sentíamos estar naquele universo, não havia o seu humor característico, foi mais maçudo; a aventura ficou para segundo plano, bem como a descontracção pela qual se pauta a saga. Sim, as personagens e contexto eram diferentes, mas faltava qualquer coisa.
Uma coisa que O Despertar da Força tem, e que prova que um novo contexto permite fazer-nos sentir em casa.
Durante todo o filme percorremos um mundo de sensações: rimos, ficamos surpresos, queremos arrancar cabeças e sentimos o coração apertado. E não só porque Han Solo e a sua mítica sagacidade estão de volta, mas porque as novas personagens garantem uma construção coerente com aquilo que George Lucas criou há décadas atrás. Aliás, são uma adição que nos faz sentir precisamente que estamos perante um despertar, em todo o sentido da palavra, de uma das séries mais acarinhadas.
É possível que seja isso: coerência. Se bem que com o hiato de décadas, esta é uma sequela que faz sentido.
Não é perfeita. Podíamos estar à espera de um argumento mais rico e diferente daquele que nos trouxe Abrams, mas a verdade é que Star Wars nunca quis argumentos complexos e sérios - pelo contrário, foi a sua simplicidade que nos conquistou. Talvez existisse vontade de algo diferente, mas o paralelismo criado entre O Despertar da Força e a trilogia original não só nos traz nostalgia, como chama um novo público que vê com os mesmos olhos de 1977 aquilo pelo qual nos apaixonámos.
Eu não sou da geração que viu Star Wars nascer. As prequelas foram os primeiros filmes que vi. Lembro-de de ir ao cinema ver A Vinganca dos Sith e de entrar em contacto pela primeira vez com este mundo. Perdi com isso uma das melhores coisas desta saga: a surpresa de descobrir quem é Darth Vader. Acredito que vou poder testemunha-lá nesta nova trilogia, e as pistas lançadas por O Despertar da Força indicam que sim.
Só anos mais tarde é que vi a trilogia original. Vi e revi, e descobri um mundo novo. Descobri o porquê de tanta gente gostar de Han Solo, como a Princesa Leia é (e continua a ser) um testemunho da força das mulheres, e encontrei em Luke um mestre inesperado. Foi bom poder reencontrar os primeiros e sentir que estão aparentemente na mesma, só com uma ou outra ruga a mais. Mudaram com a idade, como todos nós, mas a sua essência permanece. É isso não é só trabalho de Abrams, mas de atores que sabem trazer o melhor de cada personagem.
As novas personagens encarnaram o seu espírito como ninguém. São um legado que vemos digno, e que nos leva a crer que, onde quer que esta nova trilogia nos leve (ao que tudo indica, trilogia será), vamos ficar a pensar que fazem um bom trabalho.
Eu fiquei mais fã. Aliás, acredito que O Despertar da Força foi pensado para nós, fãs da saga, mas também para aqueles que nunca viram nenhum filme e agora querem saber do que se trata tanta conversa. Podem e devem fazê-lo, já que tudo está feito para que percebam a importância deste mundo, sem estragar em explicações demoradas.
Uma coisa é certa: the force is strong with this one. I can feel it.