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Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

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In a Heartbeat conquista, porque o amor não escolhe menino ou menina

10.08.17 | Maria Juana

Era uma vez um menino apaixonado. Este menino vivia infeliz, porque sempre que via o alvo do seu amor, o coração batia forte, mas tinha medo de se declarar. Um dia, quando o seu coração salta do peito e vai atrás da sua paixão, é obrigado a revelar os seus sentimentos.

 

Em traços gerais, esta é a história de In a Heartbeat, a curta metragem de animação que tem dado que falar nas últimas semanas. Criada por Beth David e Esteban Bravo, esta é uma história normal de paixão adolescente que tem sido alvo de elogios de todo o mundo. De tal ordem, que já foi indicado para prémios e festivais de cinema.

 

Mas também tem estado envolta em polémica. Porquê? Porque os protagonistas são dois jovens rapazes.

 

 

Há já algum tempo que ouvia falar de In a Heartbeat, mas ainda não tinha assistido à curta. Sabia do que se tratava, que tinha sido imensamente elogiada, mas só depois de ter lido uma notícia sobre a polémica que causou é que decidi tirar as teimas.

 

A curta são quatro minutos, sensivelmente, de puro amor e deleite. É uma história tão simples, tão bem contada, e tão bem desenhada que é impossível deixar alguém indiferente. É o amor na sua forma mais bonita, no momento em que ainda nem sabemos o que é, só que existe. E tecnicamente, está muito bem conseguida.

 

O que tem estado a chatear muita gente é que aquela sinopse que leram no primeiro parágrafo não é sobre um menino e uma menina, mas sim sobre dois meninos. Para mim, essa é uma das partes mais bonitas.

 

É claro que In a Heartbeat é elogiado porque é mesmo uma curta-metragem muito bem feita. Porém, conseguiu algo que ainda hoje, num mundo tão liberal e politicamente correto, é difícil fazer: mostrou que aquele amor puro e inocente não escolhe género.

 

Não sou fã do politicamente correto. Não gosto que escolham mulheres para certos papéis só porque há uma quota por cumprir, que elogiem filmes com negros só porque não podem ser racistas, e não gosto que seja tudo LGBT só porque é mau não ser.

 

No entanto, sei a importância da representação de cada uma destas realidades para que a mentalidade comece a mudar aos poucos e poucos. Sobretudo em coisas tão simples como esta.

 

A mentalidade é uma coisa dificil de mudar; são muitos anos a viver numa sociedade que acredita que certas coisas são erradas, demoníacas ou impróprias. Só que quando até uma curta-metragem tão bonita suscita irritação, sabemos que alguma coisa está errada.

 

O amor não escolhe mesmo se é menino ou menina. É ótimo que jovens criadores, como David e Bravo, mostrem às crianças que convivem com preconceitos que não têm de se sentir mal por serem diferentes.

 

Ideologias e crenças à parte, dói-me um pouco quando alguém acha mesmo que uma pedaço de arte como este pode ser mau para uma criança. Não veem que, talvez, uma outra fique feliz por perceber que há alguém como ela.

 

Eu gostei de In a Heartbeat pela sua simplicidade e forma tão bonita de explicar o amor. Não é só isso que importa?

 

Tirem as vossas conclusões no Youtube, onde a curta-metragem está disponível para todos verem. Usem e abusem desse link, e espalhem mais amor por esse mundo.