Gostas de Cinema? Só vês filmes intelectuais, não é?
Malta, vamos lá esclarecer uma coisa: nem todos os que gostam de Cinema são críticos do Público, que desprezam um bom blockbuster de verão e preferem aqueles filmes que nunca chegam às salas, e raramente alguém vê.
Atenção, nada contra os filmes que ninguém conhece. Se bem se lembram, na minha curta e descontraída lista dos meus melhores de 2016, coloquei um filme que deve ter passado ao lado de muita gente. Não lhes tiro valor. Porém, não é por gostar de Cinema e de ter um blog sobre o mesmo que vou achar que os filmes independentes são a última bolacha do pacote.
É uma ideia pré-concebida, e muitas vezes errada. Vejam o meu pai: acredita piamente que todos os filmes que eu vejo são para “intelectuais” - vulgo, aqueles filmes em que temos mesmo de pensar, e normalmente somos nós os responsáveis por juntar todas as peças do puzzle. Se queremos um filme para ver em família, podem ter a certeza que não serei eu a escolher, porque ele acha que vai adormecer ao fim de dois minutos.
Não podia estar mais errado. Porque ponham a dar um Rocky, um Armaggedon, ou até um Dia da Independência, e eu vejo com o mesmo prazer que a assisto a The Revenant, Interstellar ou o recente Animais Noturnos. Aliás, eu já vos disse que um dos filmes do meu coração é You’ve Got Mail, certo? O que é que esse filme tem de especial?
Só uma história que me toca ao coração.
O meu amor pelo Cinema não tem nada a ver com dúvidas existenciais, ou problemas filosóficos; não tem nada a ver com planos e cenários avant gard. Tem a ver com histórias, pessoas, aventuras e desventuras.
O que me faz gostar tanto de Cinema é a possibilidade de viajar, de conhecer outras vivências, e de conseguir ser transportada para outro tempo e lugar. E isso pode acontecer nos Vingadores, ou em Amor, de Michael Haneke (que ainda hoje me faz chorar só de pensar nele).
Eu gosto de Cinema pelo prazer de ver um filme, e de refletir sobre tudo aquilo que me faz sentir - seja felicidade, tristeza, surpresa ou até asco. É natural que existam filmes que não me fazem sentir nada, e esses, por norma, são aqueles que não recomendo.
Não preciso que todos os filmes que vejo mudem a minha vida, nem que ganhem um lugar no meu pódio. Só preciso que sejam interessantes.
Por isso não, não vejo só filmes intelectuais. Vejo de tudo, porque só conhecendo de tudo é que percebemos aquilo de que gostamos, e aquilo que faz a diferença nas nossas vidas. O Dia da Independência é mais importante para mim num domingo à tarde do que qualquer filme do Manoel D’Oliveira; simplesmente, não aprecio.
Vamos todos ver o que gostamos, sim?