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Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

Gone Girl (2014)

03.11.14 | Maria Juana
Num mundo perfeito, sairíamos sempre da sala com a sensação de que há um propósito para gostarmos de Cinema, e que acabámos de o testemunhar. Mas infelizmente não vivemos num mundo perfeito... a não ser que só se assista a filmes deste senhor.
 

 

Colocando de lado qualquer amor fincheriano da minha parte, a verdade é que há realizadores que foram feitos para contar certas histórias, e Fincher tem a sensibilidade certa para lidar com a história de Nick, um jovem que chega a casa e vê que a sua mulher está desaparecida. Daí até ser considerado suspeito de homicídio da mesma, vai um pequeno passo. 
 
A beleza, claro, não se deve apenas à forma como Fincher aborda a história, como constroi a narrativa e nos mostra, passo a passo, o crescimento do fenómeno em volta do desaparecimento de Amy; desde que o casal se conhece, até ao momento em que vemos como a sociedade e media norte-americanos lidam com a polémica do caso, tudo está engendrado, mostrado com clareza e com atenção ao detalhe. São os pequenos pormenores, uma música aqui e um close-up ali, que nos fazem acreditar que há poesia por entre os frames captados pela câmara.
 

 E isso é de louvar, principalmente quando acompanha um argumento igualmente bom.O facto de ter sido escrito pela autora do livro só abona a favor da adaptação, porque percebemos que há uma razão para os eventos se desenrolarem desta forma; cada pista leva a um novo evento, cada pormenor carrega o caminho para descobrirmos um pouco mais do mistério que se adensa em volta de Amazing Amy.

 
Na verdade, somos manipulados. Tal como todas as personagens, somos levados a pensar que só há um desfecho possível na história, e a verdadeira poesia acontece quando nos apercebemos disso, e que pode ser tudo tão diferente... E se Flynn soube escrever com pés e cabeça, Fincher pegou na história e deu-lhe a atmosfera, o frio e o calor, a verdade e a mentira, que fizeram dela uma das minhas preferidas do ano até à data.
 
E Rosamund? Minha cara, se existisse um prémio para o melhor encaixe entre atriz e personagem, tu estavas à frente da corrida!