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Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

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As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

Drive In #16 - Pacific Rim

02.06.16 | Maria Juana

Temos falado bastante aqui no Pipocas em remakes e sequelas. Não, não temos nenhum pet peeve: acontece que, atualmente, parece ser essa a tendência de Hollywood: super heróis e remakes. Alguns são bons, sim, mas a maior parte faz-nos sofrer de um caso agudo de vergonha alheia.

 

Hoje não vos vou falar nem de super heróis nem de remakes, e até vou deixar as sequelas em paz. O foco deste Drive In é numa outra categoria: filmes baseados em coisas. Sejam livros (LINK BOOK THIEF), jogos de computador (como o muito aguardado Warcraft, que estreia para a semana, dia 9), histórias verídicas ou lendas, há muito por onde pegar para levar ideias à grande tela.

 

Este domingo, a RTP premiou os seus telespectadores com um desses filmes: Pacific Rim.

 

 

Vou ser honesta: não fazia ideia de que se tratava o filme. Lembro-me vagamente de ter estado relativamente na moda há uns anos, e de ter feito uma nota mental para o ver mais tarde. Depois dos minutos iniciais, não conseguia afastar a ideia de que já tinha visto aquilo em algum lado. Havia qualquer coisa de familiar… mas não era possível, eu nunca tinha visto o filme! E, de repente, fez-se luz: o que eu estava a ver na minha pequena TV era em tudo igual a um anime que eu adorara na minha juventude: NGE - Neon Genesis Evangelion.

 

 

A partir do momento em que a lâmpada se acendeu por cima da minha cabeça, comecei a ver as semelhanças em todo o lado. Em Pacific Rim, houve um acontecimento que criou uma Brecha, da qual surgiram os Kaiju, seres alienígenas que tinham como objetivo a destruição e eventual colonização do planeta Terra. Para os combater, os governos criaram o programa Jaeger: máquinas todas xpto - estilo aquela que os Power Rangers criavam para as grandes batalhas - pilotadas por humanos, que começaram a aniquilar as tais criaturas. Até a situação dar para o torto, morrerem algumas pessoas importantes, mas acabar em bem, num final que deixa praticamente tudo em aberto.

 

Agora vejamos...Em NGE houve um cataclismo mundial, conhecido como Segundo Impacto. Os civis acham que foi um meteoro, mas na verdade foi a chegada do primeiro Angel, um ser alienígena, à Terra - acontecimento previsto nos Papiros do Mar Morto. 15 anos depois, uma organização de nome NERV cria os Evangelions: uma máquina, também estilo Transformer, que devia ser pilotada por jovens humanos. Essas máquinas começam a lutar contra os Angels, vencendo a maior parte das vezes. Até a situação dar para o torto, morrerem algumas pessoas importantes, mas acabar em bem, num final que deixa praticamente tudo em aberto.

 

Como podem ver, as histórias não têm nada a ver. Nem sequer um pormenor.

 

Não pude deixar de ficar desiludida. NGE teve um final péssimo comparado com o resto da série, já que o estúdio ficou subitamente na penúria. Ora, Pacific Rim teve um orçamento de 190 milhões de dólares e Guillermo del Toro a comandar as tropas, portanto, não é essa a desculpa para interpretações fraquinhas (até Idris Elba deixou a desejar…), nem para haver a enorme falha de não explorarem melhor a relação entre Mako e Becket que, oscilava entre awkward (como entre Shinji e Rey em NGE), “ah e tal não nos conhecemos bem”, e “somos super amigos, vem pilotar o Mark 3 comigo e derrotar os mauzões!”.

 

 

A justificação para isso? O próprio del Toro disse que não é uma história de amor no sentido convencional, uma vez que tanto Mako e Becket são dois seres humanos atormentados, presos ao passado e às suas memórias - mas é a ligação que formam ao pilotar a máquina que os faz desabrochar e ultrapassar os traumas.

 

Hum, curioso. Sabem, é que em NGE, Shinji é um miúdo que não se consegue relacionar com as pessoas, um bocadinho atormentado, mas que, no final, graças a uma ajudinha dos outros pilotos, acaba por ultrapassar os seus traumas, a humanidade fica a salvo, e ele consegue finalmente dar sentido à sua existência e relacionar-se com os outros. Mais uma vez, nada a ver.

 

 

 O meu grande problema com Pacific Rim é que não só é altamente mediano, estilo filme de TVI de sábado à tarde (ou de RTP de domingo à noite!), mas também é um rip off total de uma boa história, à qual podiam ter dado algum crédito ou fazer menção.

 

E eu sei que disse que não vos ia falar de sequelas, mas sabem que mais? Foi anunciado, já em 2014, que Pacific Rim terá continuação: o nome provisório é Maelstrom mas, felizmente, ainda não se sabe quando chegará à grande tela.

 

Mais uns tempos para respirarmos de alívio...e quiçá, revermos a história original em Neon Genesis Evangelion.

 

DeLorean

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