Drive In #10 - Beastly
You’re never too old for fairytales. Não sei quem disse, mas sempre acreditei nisto. As histórias que nos fascinavam, enquanto crianças, faziam-no com o seu condão de magia, situações deliciosamente fantásticas e impossíveis, vilões do piorio e heróis estóicos, lições para levar para a vida…e acima de tudo, finais felizes.
Portanto, e com isso em mente, o Drive In desta semana coloca o holofote num filme baseado num conto de fada que todos conhecemos muito bem, e que, por acaso, é o meu favorito: A Bela e o Monstro.
Imortalizado pela Walt Disney em 1991 (o meu ano de nascimento – coincidência? I think not!), a história do amor improvável, mas puro, entre Bela e o seu Monstro, marcou o imaginário de toda a gente que tinha acesso a um leitor de VHS. Por isso, não é de estranhar que alguém tenha tido vontade de pegar nesta lenda e fazê-la passar do mundo da animação para algo mais real. E, assim, como que por um feitiço que correu muito mal, nasce Beastly.
Baseado no livro de Alex Finn com o mesmo nome, o realizador Daniel Branz (Phoebe in Wonderland) tentou imitar o sucesso de filmes como Twilight e trazer para a grande tela a história de Kyle Kingson (Alex Pettyfer), um adolescente rico, bem-parecido e popular, que fez de um liceu de Manhattan o seu reino. Um dos seus lemas é “embrace the suck” – ou, por outras palavras: gente feia, gorda e ranhosa em geral, tem de se resignar ao destino de trolls, e compreender que nunca serão alguém ou farão algo com a sua na vida, porque pessoas como Kyle vão sempre passar-lhes a perna apenas por serem bonitos. E embora aprecie a honestidade com que ele diz o que pensa, o moço é um anormal.
Quem também pensa assim é Kendra (Mary-Kate Olsen), a bruxa residente do liceu. Para o fazer perceber que a beleza está no interior, lança-lhe um feitiço, desfigurando-o completamente e deixando-o um autêntico ogre – com o toque especial de lhe tatuar sobrancelhas que diziam “embrace the suck”. Não lhe deu um gato das botas ou um burro como sidekicks, mas fixou um prazo e uma condição: Kyle tem de encontrar alguém que lhe diga que o ame num espaço de um ano, ou ficará feioso para sempre.
Wow. Realmente, a pior coisa que podia acontecer a alguém, ficar feio. Muito pior que cancro. Ou a morte. Or worse, expelled. Como dira Ron Weasley, he needs to sort out his priorities.
O pai de Kyle, ao ver a besta em que o filho se tornou – e uma besta-quadrada ele próprio -, fecha-o numa vivenda, longe do mundo, para ninguém ter que lidar com aquela feiura. Mas 4 meses passados, o nosso Shrek cansa-se de estar fechado em casa e vai ter com a única pessoa que, mesmo sabendo que ele era um anormal, lhe tinha mostrado simpatia: Lindy (Vanessa Hudgens).
Segue-se uma amálgama de acontecimentos, muitos claramente forçados para fazer o filme parecer-se com o original da Disney. Kyle encontra o pai de Lindy a matar o seu dealer (suponho que é o equivalente a um inventor do século XIX…) e faz com ele um acordo: Lindy vai viver com ele, para a protegerem de represálias. Essa convivência vai passar de irritação a aceitação, de aceitação a amizade e, como seria de esperar, a um romance fofinho.
A partir daqui, passamos o resto de filme a sentir muita vergonha alheia: a sucessão de acontecimentos, os diálogos, o romance cliché…até dá para perceber que os atores não estavam para fazer o esforço. A minha cena favorita é quando, depois de levar a rapariga até um chalé lindo, à beira de um lago, e de terem um momento em que quase se beijam, Kyle está à espera de um "amo-te"...mas leva a maior tampa de que há memória.
Friendzone level 9000!
O argumento é mau, e a realização também não é melhor: aparentemente, Branz gosta muito de filmar paisagens…pena que, por vezes, dê para notar que os cenários canadenses não são mesmo Nova Iorque.
Vá, não é tudo horrível: nos momentos em que Beastly não tenta ser uma cópia de A Bela e o Monstro – como a cena romântica no zoo -, até parece um filme de jeito. Além disso, não podemos negar que o casting ajuda: é impossível não gostar de Vanessa Hudgens, Neil Patrick Harris é, enfim, ele próprio, e até Alex Pettyfer (apesar dos números fraquinhos de I Am Number Four, lançado pouco tempo antes) tem momentos que são dignos de ver.
Mas sabem qual é mesmo a melhor coisa acerca deste filme? Só tem 86 minutos.
Pretty gruesome, huh? I've seen worse.
DeLorean