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Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

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As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

A Luz Entre Oceanos (2016): uma história de amor

05.01.17 | Maria Juana

Sinopse: Tom (Michael Fassbender) é um veterano da Primeira Guerra Mundial que se voluntária para trabalhar como faroleiro numa ilha isolada ao largo da Austrália. Ao casar com Isabel (Alicia Vikander), tornam-se a única companhia um do outro. Quando um bebé surge na ilha num bote à deriva, encontra aí a resposta à dor de ter perdido duas crianças em abortos espontâneos. Mas a dúvida se devem ou não ficar com a criança persegue-os ao longo do tempo, sobretudo quando descobrem as raízes da criança que acolhem.

 

Quem é que consegue resistir a estes dois? 

 

Já dizia Miguel Esteves Cardoso: o amor é fodido. É tão fodido que nos faz cometer loucuras mesmo quando estamos sãos. Pequenas mentiras, um casamento por impulso, uma prenda maior… ou raptar uma criança. 

 

O amor não se sente só por um parceiro, namorado ou marido. Sente-se pelas crianças que criamos em conjunto, por aquelas que nunca teremos a oportunidade de conhecer, e por uma vida em comum, em família. 

 

A Luz Entre os Oceanos é um filme de amor. Sobre esse amor que nos faz ficar loucos, e sobre o amor que nos ajuda a encontrar um propósito na vida, e um companheiro que sabemos que estará perto de nós para sempre, em qualquer momento. 

 

É o cliché: na saúde e na doença, até que a morte nos separe. Eu, romântica incurável, gosto de acreditar que é possível, por isso gosto de histórias em que um casal se mostra feliz, apaixonado e totalmente dedicado um ao outro, mesmo quando estão isolados de todo o mundo. Por isso, quando assisti a este filme, aquilo que me tocou mais foi a relação entre Tom e Isabel, e como o amor é mesmo um sentimento terrivelmente fatalista… e bonito de se sentir. 

 

Enquanto filme, A Luz Entre Oceanos é simples. É romântico, melodramático, e leva-nos numa montanha russa de emoções quase de propósito. Não é extraordinário; é lento, com um ritmo muito próprio, e talvez com emoção a mais. No entanto, penso que a sua história (e a bela fotografia, com paisagens de cortar a respiração) são únicas, de tal forma que merecem pelo menos uma visita. 

 

 

Eu esperava ser totalmente arrebatada por este filme. Não fui. Chorei no final, e fiquei imersa nos eventos como se os sentisse; no amor entre Tom e Isabel, na sua tristeza, na sua esperança, e no seu desespero. Mas não me arrebatou. 

 

Não é que alguém consiga ficar indiferente à trama e às suas nuances. Com as interpretações de Vikander (que tem sempre as emoções à flor da pele) e Fassbender, é difícil não sentir; só com a voz conseguem fazer-nos ficar comovidos. Da mesma forma que a presença de Rachel Weisz é arrebatadora, no papel da mãe biológica do bebé criado pelo casal. 

 

Mas não é o filme extraordinariamente belo de que estava à espera. São belas as paisagens, as interpretações e até aquelas mudanças de expressão quando uma nova emoção surge no olhar. Só que no geral, é apenas um bom filme. 

 

Isso não tem de ser uma coisa má. Aliás, tendo em conta a história que é, acho mesmo que vale só por isso: por ficarmos a conhecer as provações de cada uma das personagens e os seus sentimentos. 

 

 

Derek Cianfrance, o realizador e responsável pelo argumento, leva-nos mesmo a ver a vida de cada um por uma lente muito própria. Ele disse numa entrevista o The Guardian que gostava que o público fosse mirone nos seus filmes, e é o que efetivamente acontece aqui. Tendo em conta que falamos do senhor que nos trouxe filmes como Blue Valentine, há uma tendência para as histórias de pessoas reais. 

 

Estas pessoas podiam ser tão reais quanto tantas outras que desesperam por amor - por tê-lo encontrado e perdido, ou por o quererem tanto que cometem uma loucura. 

 

Se A Luz Entre Oceanos é demasiado melodramático? Talvez. Talvez existam demasiados momentos de intimidade, de lágrimas e desespero, que podiam ser encurtados. A própria montanha-russa de emoções talvez pudesse ter menos voltas. 

 

Mas vamos ser honestos: é uma história de amor, em que o drama é protagonista. É isso que estamos à espera, é isso que nos propomos a ver. É isso que este filme nos traz… e talvez algumas lágrimas. Isso pode ser de mim.

 

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