Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

5 filmes obrigatórios de David Fincher

23.10.17 | Maria Juana

Estou sentada à procura das melhores palavras para descrever o porquê de gostar tanto do trabalho de David Fincher.

 

Quando decidi escrever este post, em virtude da estreia da nova séria com a sua colaboração, fi-lo porque sabia que o seu trabalho foi um dos motivos por ter começado a ver Cinema com C grande, e não apenas como filmes num ecrã. Foi com a lembrança da primeira vez que vi Fight Club, e pensei como é que é possível que alguém consiga construir um ambiente tão caótico e tranquilo ao mesmo tempo.

 

Fincher é um dos realizadores do meu coração. Sentar-me em frente ao computador e tentar explicar o porquê é complicado.

 

Porque quando somos fãs, somos fãs. E eu sou fã de David Fincher.

 

Sou fã da sua da forma como pega nas histórias e as centra nas personagens, personagens pouco convencionais e que nem sempre são louváveis ou queridas. Sou fã da forma como filma e nos transporta. Sou fã dos movimentos, da ausência de sanidade, da presença de algo assumidamente real.

 

O seu novo trabalho pode ser em televisão, mas não deixa de ser cinematográfico. O Caçador de Mentes estreou a semana passada na plataforma Netflix, e tem sido alvo de muitos elogios. Fincher produziu a série e realizou os quatro primeiros episódios, e diz quem viu que a sua visão e mestria estão muito presentes.

 

Enquanto não arriscam nos seus episódios, deixo-vos com a minha escolha pessoal dos filmes de David Fincher – aqueles que continuo a ver vezes e vezes sem conta, e nunca me canso.

 

 

Fight Club (1999)

 

 

Este é sem dúvida o meu filme preferido de Fincher, e um dos filmes da minha vida. Acho que foi depois de o ver que me apercebi que isto de fazer Cinema pode ser muito mais do que pôr a gravar, e filmar uns tipos a dizer umas falas.

 

Para mim, Fight Club é um dos melhores filmes de sempre. Não só tem um argumento do caraças (com uma belíssima adaptação do romance de Chuck Palahniuk), como tudo está conectado na perfeição.

 

Desde as interpretações, ao caos, à forma como a ação está interligada, sentimos na pele aquela sensação de alheamento e revolta do Narrador. E isso, em parte, vem muito da forma como Fincher vê a história e decide filmá-la.

 

É como um puzzle, em que nada parece fazer sentido, mas depois montamos as peças e fica uma obra de arte do caraças.

 

 

Em Parte Incerta (2014)

 

 

Assistir a Em Parte Incerta é uma viagem. É uma viagem por um sem-número de emoções, entre revolta, tristeza, asco e total surpresa.

 

A história, em si, já é de loucos: um homem chega a casa e a mulher desapareceu. Monta-se um circo mediático à sua volta, e chega a ser acusado de homícidio. Até que se descobre que, afinal, ela não era a santa que todos pensavam.

 

Ela era uma cabra manipuladora.

 

E Fincher, criando uma atmosfera fria e quente ao mesmo tempo, entre a verdade e a mentira, manipula-nos também.

 

Assim que assisti a Em Parte Incerta pu-lo no meu top de filmes fincherianos, muito graças a esta capacidade de conseguir manipular os nossos sentimentos e reações. Se a história e o argumento são bons, o toque de Fincher consegue conjugar na perfeição a relação entre Nick e Amy, e tudo aquilo que significa.

 

Nos primórdios deste sítio ainda podem ler uma opinião sobre Em Parte Incerta mais coesa. 

 

 

Se7en – Sete Pecados Mortais (1995)

 

 

Para muitos, é o melhor filme de David Fincher. Para outros, é a prova como a mente deste homem não bate bem. Para mim, é um pouco dos dois.

 

Se7en é, no mínimo, perturbador. É impossível esquecer a mítica cena em que Brad Pitt pergunta com emoção o que está dentro da caixa, e o que nos faz sentir quando descobre. Uma cena cheia de tensão, e uma tensão que é acumulada desde o início do filme.

 

É quase como uma escala: Fincher faz-nos começar a ver cada personagem e elemento com um determinado olhar, para que cheguemos aquele momento e nós próprios gritemos “Mas o que é que está no raio da caixa?!?!?!?”. Só que nós sabemos, e questionamos interiormente o que faríamos no lugar do inspetor Mills.

 

Lá está, uma pequena manipulação. Mas uma manipulação de que nós gostamos.

 

 

Zodiac (2007)

 

 

Zodiac é mais uma prova em como David Fincher tem um fascínio qualquer com a mente dos criminosos – e ainda bem, porque nós ficamos a ganhar com filmes cheios de tensão e crime.

 

A primeira vez que assisti a Zodiac pensei que pudesse ser apenas mais um filme sobre um criminoso (inspirado em factos verídicos, já agora). Porém, pensar mais sobre ele leva-nos à conclusão de que há muito mais do que apenas uma história.

 

Zodiac deixa-nos no limbo entre a loucura e a sanidade. Tal como grande parte dos filmes de Fincher, sentimos as dores dos personagens, e entramos com eles num caminho difícil de percorrer. O facto de sabermos que esta história aconteceu mesmo pode ainda dar-lhe um outro peso, que Fincher sabe usar a seu favor.

 

Que é como quem diz, ficamos borrados de medo.

 

 

Millenium 1: Os Homens que Odeiam as Mulheres (2011)

 

 

Se há saga policial que adoro nesta vida são os livros da saga Millenium, da autoria de Stieg Larson. O sueco conseguiu criar um enredo brutal, que junta mistério, crime, natureza humana e momentos muito macabros – mas fantásticos.

 

Conseguir colocar tudo isso no grande ecrã não deve ser fácil. Existe uma tentativa sueca, que tem Noomi Rapace no principal papel (e a que eu ainda não assisti na totalidade). E Fincher também tentou.

 

Para mim, foi bem sucedido. Primeiro, na escolha do elenco: Daniel Craig podia não ser a minha primeira escolha para o papel de Mikael Blomkvist, mas resultou bem. E não há muito que dizer sobre o papel de Rooney Mara na pele de Lisbeth Salander, porque está absolutamente brutal e tal e qual imaginei depois de ler os livros. Logo aí, um ponto a favor.

 

Depois, todos os outros personagens fazem sentido e estão super bem conjugados. Fincher consegue trazer para o ecrã aquela ambiente frio, que não vem apenas do clima sueco, mas da história em si. O clima de mistério chega até nós, e sentimos a tensão no ar.

 

David Fincher sabe perfeitamente como chegar a essa tensão. É o que ele faz de melhor.

 

EXTRA

O Estranho Caso de Benjamin Button

 

Confesso: está longe de ser o melhor filme de Fincher, mesmo tendo em conta aqueles que deixei de fora. Mesmo assim, não consigo deixar de assumi-lo como um dos meus prediletos.

 

Penso que a história, e a interpretação de Pitt e Cate Blanchett, são os grandes responsáveis. A premissa de que a nossa vida regride, ao invés de avançar, colocar uma série de coisas que tomamos como garantidas em perspetiva. É uma ideia que me suscita muitas questões, e continua a chamar-me a atenção.

 

Além disso, tivemos uma Taraji P. Henson que é só uma das minhas girl crushes.

 

E para vocês: qual é o melhor filme de David Fincher?

 

 

A primeira temporada de Caçador de Mentes já pode ser vista no Netflix.