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Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

Monstros Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald – Estamos a perder a magia?

21.11.18 | Maria Juana

Sinopse: Newt Scamander (Eddie Redmayne) está proibido de sair do Reino Unido, o que o impede de visitar Tina (Katherine Waterson). Mas com Grindelwald (Johnny Depp) à solta, terá de fugir às regras e levar-se novamente à aventura.

 

 

Em 2016, o lançamento de Monstros Fanstásticos e Onde Encontrá-los deixou os potterheads (aqueles fãs acérrimos de Harry Potter, onde humildemente me incluo) um  pouco apreensivos. Por um lado, teriamos um novo filme do universo potteriano, ainda por cima com argumento da própria J.K Rowling; por outro, um medo imenso que este regresso fosse terrível. E acabou por superar todas as expectativas

 

Seria de esperar que a segunda parte desta saga (que sabemos ser de 5 filmes) acompanhasse as expectativas, ou até que as superasse. Mais do que isso, queriamos desesperadamente respostas às perguntas que nos assolaram em 2016 e mais mistérios para resolver. A segunda parte correu-nos bem... a primeira, nem tanto.

 

É sempre bom regressar ao Wizarding World, seja em que formato for. A existência de uma nova saga, com novos personagens e histórias mas dentro deste mundo, é um presente vindo dos céus. Mas quando não resulta tao bem, o problema pode não ser do universo. No caso de Crimes de Grindelwald a culpa foi de uma direção e storyline que parecem ter sido forçados e pouco explorados como deveriam ser.

 

Este é o 6º filme de David Yates ao comando do Wizarding World. É o segundo argumento escrito por J.K. Rowling, se bem que sabemos que ela conhece este mundo de trás para a frente. Então o que é que poderá ter acontecido para que Crimes de Grindelwald deixe tanto a desejar?

 

Sabem o que não deixa nada a desejar? A performance de Jude Law como Albus Dumbledore. Gostei. 

 

Para mim, a resposta é simples: por um lado, houve uma tentativa de inovar a forma como contamos a história; por outro, houve uma necessidade de criar cameos e plot twists que, em vez de criarem quebras-cabeças e nos deixerem curiosos com o que aí vem, criam confusão e uma verdadeira vontade de gritar “porquêeeeeeee?”.

 

Mas vamos por partes.

 

O grande forte de Monstros Fantásticos sempre foi aquilo que lhe dá nome: os Monstros. Em 2016, foi muito do que nos impressionou e continua a desempenhar um forte papel aqui. Não nos podemos esquecer que, apesar da base de tudo ser o duelo entre Grindelwald e Dumbledore (não, não é spoiler. Vão ler os livros!), Newt Scamander e os seus bichos são os grandes protagonistas.

 

Não perdemos isso em Crimes de Grindelwald. Mesmo que mais apagado, Newt continua com um papel determinante, mas o que gosto de ver é que ele é um protagonista que deixa os outros brilharem. Apesar de existirem claras semelhanças entre o seu papel e o de Harry Potter (claramente levados a agir por Dumbledore, claramente com amigos importantes que o ajudam em todas as tarefas), aqui existe uma partilha de protagonismo muito mais democrática e interessante. Newt pode ter respostas improváveis para responder a desafios (Harry nunca foi um feiticeiro brilhante, apenas inteligente), mas está apoiado por um role de personagens “secundárias” que na verdade são tão importantes para a trama quanto ele.

 

Isso foi muito visível na abordagem que Yates teve neste filme. Com muitos mais close-ups, com planos muito mais fechados, tentou concentrar a nossa atenção nas personagens e nas suas expressões. Na maioria das vezes com sucesso.

 

Mas se existem personagens com importância, outras aparecem só porque sim. Este e um problema recorrente em Crimes de Grindelwald: coisas que acontecem porque sim. Além de termos uma trama que passe demasiado ao de leve sobre coisas que dariam contexto e corpo à história, são acrescentados pormenores e informações para as quais não vemos utilidade.

 

Ou seja, parece que nos estão a contar partes da história sem na verdade terem parado para pensar se faria sentido ou se são mesmo relevantes. Há uma sensação de falta de atenção para com pormenores e, sobretudo, de que as peças do puzzle não encaixam. A forma como a história está a ser contada transforma-a mais em fragmentos de pedaços de histórias, do que peças que a constroem.

 

 

É claro que alguns destes pormenores nos possam parecer mais gritantes porque não sabemos o que aí vem. Sim, faltam 3 filmes e neles podemos compreender que afinal tudo era importantes. Também é claro que há pontos que gritam plot hole porque conhecemos a história além de Harry Potter – ou vamos mesmo acreditar que a presença de uma certa professora em Hogwarts não pode ser um erro?

 

Crimes de Grindelwald sofre claramente de problemas de narrativa, seja problema do argumento, da forma como foi dirigido ou editado ou até das nossas expectativas. Não significa que a magia tenha morrido – em 5 filmes, todos serem excelentes era pedir muito; há sempre uma ovelha negra.

 

Só que é impossível não pensarmos que tudo isto e uma mescla desnecessária quando vemos estes problemas. E é impossível não acreditar que os próximos filmes possam sofrer do mesmo mal: inventar plot twists e conclusões que parecem giras no papel mas que são apenas encher chouriços.

 

Ninguém estava à espera de mais 5 filmes, OK? Podemos facilmente viver com menos, desde que façam as coisas como deve ser.

 

***

A Balada de Buster Scruggs – Os irmãos Coen chegaram ao Netflix

19.11.18 | Maria Juana

Sinopse: São seis as histórias do faroeste norte-americano que fazem A Balada de Buster Scruggs. Entre o assalto a bancos, as armas e salões, vemos em seis histórias diferentes aspetos da vida do faroeste, com personagens e desfechos muito distintos.

 

 

Se mais provas fossem necessárias para provar que o Netflix está pronto para dar o próximo passo, A Balada de Buster Scruggs é isso mesmo. Depois de séries altamente bem sucedidas e de filmes assim a assim, a plataforma tem-se dedicada cada vez mais a criações de autor que já de si chamam a atenção.

 

Depois do lançamento de Aniquilação e Roma, de Alfonso Cuáron (que chega em dezembro), foram os irmãos Coen os mais recentes a ver a sua obra original com o selo Netflix. E que tem o seu cunho, não existe dúvida.

 

Em pouco mais de duas horas (a beleza de não ter de agradar a um público numa sala de cinema), os Coen escreveram e realizaram seis histórias que têm em comum a vida no faraoeste e pouco mais. Com um elenco de luxo, teria tudo para dar certo.

 

Zoe Kazan protagoniza o segmento The Gal Who Got Rattled, um dos mais longos e interessantes da trama. 

 

Temos um James Franco a tentar assaltar um banco; um Liam Neeson a ganhar dinheiros às custas das performances de um (crescido) Harry Melling (sim, o Dudley Dursley, e aqui com uma interpretação do caraças); um Tom Waits a mostrar que ainda esttá para as curvas; e Tim Blake Nelson a interpretar a personagem que dá nome ao filme e a dar o mote para estas aventuras.

 

Elenco à parte, temos um filme composto por seis curtas-metragens coladas com a mestria e intensidade que merecem. Não parece ter ambição de ser mais do que isso – de facto, os próprios Coen explicaram que estas eram histórias que foram escrevendo ao longo dos anos, sem nunca pensarem que podiam dar origem a esta Balada. 

 

Mas deu. Com um estilo muito próprio, com a violência que reconhecemos e o condão da intensidade, A Balada de Buster Scruggs é o epiteto da criatividade dos Coen em ação. Não parece ter pretensões de ser mais do que aquilo que é, mantendo-se fiel à idea de que é um exercício feliz em como as histórias mais inesperadas podem surgir em qualquer altura.

 

Também não tem pretensões de ser uma obra-prima. Apesar de ter uma fotografia de cortar a respiração e do argumento se manter coeso quanto baste, são duas horas de histórias, como se estivesses a ler um livro. Isso não é mau – é o que é.

 

Jonjo O'Neill e Brendan Gleeson protagonizam o último segmento, com laivos goticos e a apelar ao terror.

 

Não, este filme não é o novo Este País Não é Para Velhos. Pode beber do faraoeste e da criatividade de dois homens que parecem não saber quando parar, mas é bom apenas porque conseguimos estar duas horas entretidos com histórias do passado. Somos transportados para cenários desérticos e realidades tão diferentes, que nos esquecemos que na verdade estamos no sofa, de pijama e enroscados numa manta.

 

Mais do que um produtor, o Netflix demonstra ser a plataforma ideal para um filme que quase não o parece ser. Não só porque tem duas horas (e se tirassemos 20 minutos não seria nada mau), mas principalmente porque encaixa no tipo de conteúdo que estamos à espera de encontrar. Não é que cada filme não ganhe sempre com uma experiência em sala – ganha, ganhamos todos.

 

Só que há alturas em que talvez seja necessário repensar a forma como consumimos o cinema.

 

Filmes como Aniquilação e A Balada de Buster Scruggs vieram mostrar que há espaço para tudo. Que venha esse tudo.

 

***

Chegaram as primeiras imagens de Toy Story 4. Já podemos chorar?

12.11.18 | Maria Juana

Lembro-me como se fosse hoje: estava sentada na sala de cinema e o Andy tinha acabado de chegar ao alpendre da nova casa dos seus brinquedos. As lágrimas já jorravam da minha cara, enquanto pensava que aquele era possivelmente um dos melhores finais de sempre. E agora a Disney Pixar veio lançar o primeiro teaser trailer de Toy Story 4, e confirmar o seu lançamento para o verão de 2019.

 

 

É interessante como as primeiras imagens deixam tanta coisa em aberto... Não sabemos onde estão, com que estão, se continuam juntos... Podemos depreender que fizeram novos amigos, porque aquele garfo é uma novidade na (agora) saga.

 

Um garfo chamado Forky e que parece ter um papel de relevo no enredo. Segundo a Empire, a sinopse oficial diz que “Wood sempre soube o seu lugar no mundo e que a sua prioridade é olhar pela sua criança, seja Andy ou Bonnie. Mas quando a Bonnie traz para o seu quarto um novo brinquedo chamado Forly, uma aventura com os velhos e novos amigos vem mostrar ao Woody o quão vasto o mundo pode ser para m brinquedo.”

 

Hum.

 

Outra coisa que sabemos é que Tom Hanks e Tim Allen regressam para dar voz a Woody e Buzz, respetivamente. A sua confirmação foi feita ainda a produção estava numa fase muito recente, mas ambos já vieram confirmar que esta história é emotiva e tem um final que nos vai deixar a todos de boca aberta.  O final, dizem, é intenso e pedem calma porque tudo vai fazer sentido.

 

Eu não sei o que achar destas declarações, mas a minha curiosidade ficou mais aguçada. É verdade que não recebi com agrado a notícia de que ia existir um quarto Toy Story – como disse em cima, para mim o final de Toy Story 3 foi perfeito. À época, tal como Andy, também eu ia começar uma nova fase com a entrada na faculdade e achei toda aquela sequência, mais do que poética, muito real – o que é dizer muito num filme que tem brinquedos falantes como protagonistas.

 

Mas ao longo do tempo tenho-me acustomado à ideia de regressar a este mundo e de querer ver mais para lá do que já sabemos.

 

Toy Story é capaz de ser dos meus filmes de eleição de todos os tempos. Apesar de animação, é mais completo do que muitos live-actions e tem uma ação tão compensada e tão correta que tudo faz sentido. Nenhuma das suas sequelas desiludiu, e o melhor é que acho que souberam envelhecer, criando histórias e enredos atuais e certeiros. Nunca nada foi forçado.

 

Esta minha fé e amor por esta saga fizeram-me mais tolerante para o que aí vem. E confesso que ao ver estas novas imagens, todo o negativismo, cepticismo e quaisquer outros ismos que pudesse ter se dissiparam. Só existe amor por Toy Story 4 e muito curiosidade imensa.

 

Venha ele!

ANTEVISÃO: As viúvas de Steve McQueen estão a chegar

10.11.18 | Maria Juana

Enquanto começava a pesquisar para escrever este texto, deparei-me um com uma entrevista de Viola Davis. Davis é uma das protagonistas de Viúvas, o novo filme de Steve McQueen que estreia dia 15 em Portugal, e nessa entrevista explicava como é que este não é o filme de que estamos à espera.

 

Baseado numa série britânica dos anos 80 com o mesmo nome, Viúvas conta os desafios de 4 mulheres forçadas a cometer um crime para pagar as dívidas deixadas pelos seus maridos – que morreram, como vemos pelo título. Pelo meio têm de lidar com forças policiais e políticos pouco corretos, num filme à la Oceans’ 8 protagonizado por mulheres que se juntam por uma necessidade comum. Mas Davis faz questão de mostrar que é muito mais do que isso.

 

“Não vemos casais acima dos 40 a beijarem-se desta forma no grande ecrã,” diz sobre uma das cenas do filme, protagonizada por si e por Liam Neeson (o seu marido). “E não vemos casais interraciais a beijarem-se desta forma, definitivamente. Mostra às pessoas que isto não é o típico filme de ação, que não vão conseguir comer pipocas e gostar de ver a cabeça de alguém a explodir.”

 

Então, o que é?

 

A visão de Steve McQueen

Para o próprio McQueen é parte do seu imaginário. Enquanto criança em Inglaterra, esta série foi a sua chamada de atenção; foi a série que lhe mostrou que pessoas com estereótipos muito vincados na sociedade podiam libertar-se e ser algo mais.

 

Foi por isso que decidiu adaptar para o cinema, mas não sem dar o seu próprio twist. Desta vez, Viúvas vai passar-se na Chicago atual, porque McQueen não queria virar costas ao que hoje estamos a viver. Trazendo para o presente uma história que continua atual, o realizador junta o mero entretenimento de um filme de ação aos graves problemas que hoje enfrentamos.

 

Até porque não é homem para fechar os olhos aos temas difíceis. Em 2014 ganhou o Óscar de Melhor Filme por 12 Anos Escravo (com um título muito sugestivo em relação ao tema), e antes disso já Vergonha e Fome tinham despertado a atenção por focarem temáticas fora do vulgar em Hollywood.

 

Para muitos, Viúvas é uma surpresa. Ninguém estava à espera que McQueen fosse o tipo de cineasta a pegar num filme pipoca como este. Só que ele sabe qual é o seu papel e o seu trabalho. “Primeiro, a minha responsabilidade é entreter... Mas com esperança que abram os olhos, que chame a atenção de coisas que acontecem todos os dias, que as pessoas as reconheçam.” 

 

Por isso sim, Viúvas é um filme de ação. Pega em tudo o que achamos piada nos heist movies (aqueles filmes em que o protagoista é o criminoso que queremos que seja bem sucessido) e quer que passemos um bom bocado.

 

Só que é protagonizado por 4 mulheres, numa Chicago contemporânea. E essas mulheres, e essa Chicago, têm um papel muito mais importante do que apenas fazer parte do cenário.

 

 

À luz da realidade

Voltando à entrevista de Viola Davis, a normalidade que procura não é muitas vezes aquela que encontramos nos filmes. Ter um casal com mais de 40 aos numa cena íntima não é sexy, é meio nojento, até – muito menos quando é interracial. Mas se acontece, se é normal, porque é que não vemos mais vezes representado?

 

Porque, como em tanto nesta Hollywood e cultura em geral, ainda é tabu o sexo em pessoas mais velhas; ainda é tabu vermos raças misturadas; ainda há uma pequena pontada de estranhez, como diz aquele amigo que todos temos: “eu não sou racista, mas não gosto de misturas.”

 

Sem mostrar de caras que isto das misturas é tão natural e real quanto tudo o resto, Viúvas toca logo num ponto sensível. Ele vai buscar protagonistas de todas as cores e feitios (a Davis juntam-se Michelle Rodriguez, Elizabeth Debicki e Cynthia Erivo) e dá-lhes tanta importância quanto merecem.

 

E claro, são mulheres.

 

São 4 mulheres fortes que, tal como as suas antecessoras, quebram os estereótipos de género e raça criados pela sua sociedade e mostram que não tem de existir diferença entre quem comete o crime. São iguais. As mulheres são igualmente capazes de se unir por um objetivo comum.

 

Parece que agora andam todos a chover no molhado, não é? “Ahh e tal, agora o que há até de mais são filmes com mulheres!” Então e depois? Há que lhes dar espaço, não só nas histórias mas também por trás das câmaras; há que reforçar ao público que isto é um novo dia.

 

Para McQueen, é. Nas suas protagonistas e com quem colabora: Gillian Flynn, a mulher por detrás do argumento de Em Parte Incerta, foi co-argumentista de Viúvas. Não apenas por ser mulher, mas pelo seu talento e valor.

 

O paradigma está a mudar e Hollywood muda com ele. Steve McQueen já percebeu isso há muito tempo atrás e, independentemente do género em que se propõe trabalhar, quer assegurar que nós também percebemos. Não é uma questão de elitismo ou de importância, mas sim uma forma de respeitar aquilo em que acredita.

 

Viúvas até pode ser a sua tentativa de ir para um género mais leve e inesperado, mas não é por isso que tem de ser menos cru e real. Como o próprio afirma, o entretenimento pode ser apenas entretenimento, mas se nos ajuda a abrir um pouco os olhos para o que está de errado com o mundo, porque não utilizar esta arma?

 

Este continua a ser um filme que não é político – pelo menos assumidamente. Continua a ser um filme sobre malta que comete crimes para sobreviver, numa cidade governada pela corrupção e pelo medo, com comunidades segregadas e pessoas muito convictas de si. Já não o eram os Oceans, ou 8 Mile?

 

A curiosidade que me prende a Viúvas vai além de como é que isso é possível – juntar todo num filme todas estas ideias sem deixar que se sobreponham em demasia com a ação. Estou curiosa também com a crítica. Apesar de estar a ser positiva (já estreou lá fora), muitos parecem pecar por não olhar para este seu lado mais subtil. Será que não perceberam? Será que têm medo da mudança?

 

Ou será apenas a prova de que a missão de McQueen ainda agora começou?

 

Viúvas estreia em Portugal a 15 de novembro.

Foram divulgados os possíveis nomes das sequelas de Avatar. Como?

08.11.18 | Maria Juana

Lembram-se de Avatar? O filme de James Cameron de 2009 que veio juntar humanos e alienígenas num só mundo esteticamente impressionante? Pouco depois do filme ter saído e se ter tornado um sucesso de bilheteiras, foram anunciadas 4 sequelas a ser lançadas nos anos seguintes, e agora podem ter sido revelados os seus nomes. À BBC, uma fonte divulgou que as sequelas serão conhecidas por Avatar: The Way of Water, Avatar: The Seed Bearer, Avatar: The Tulkun Rider e Avatar: The Quest for Eywa.

 

Estes nomes não foram confirmados ainda oficialmente, nem por James Cameron nem por alguém envolvido na produção. Ainda falta muito tempo até que estes filmes sejam lançados, por isso estamos talvez a precipitar-nos se achamos que podem ser finais.

 

 No entanto, é possível que pelo menos o primeiro, The Way of Water, esteja próximo da realidade – no início do ano, Stephen Lang (um dos atores do filme) veio dizer que parte da ação de Avatar 2 teria lugar debaixo de água. 

 

Se bem se recordam, Avatar falava de um planeta colonizado por humanos em que os nativos Na’vi e a nossa espécie lutavam pelos seus recursos naturais. 5 fimes a falar de tudo isso parece excessivo, mas considerando que existem vários aspetos da cultura Na’vi e da sua ligação à terra por explorar, é possível que alguns destes títulos tenham uma storyline diferente daquela que nos foi introduzida na primeira parte.

 

O Screen Rant, por exemplo, já teceu algumas teorias sobre o que é que cada um destes títulos poderá significar. Para a plataforma, é possível que as partes 2 e 3 se foquem muito mais na profundidade da relação dos Na’Vi com Pandora (seja através da sua ligação à água, ou falando mais sobre a Tree of Souls, que já conhecemos), e que apenas duas últimas se centrem mais no conflito com os humanos.

 

Desde que foram anunciadas as 4 sequelas que o público tem assumido que o homem deve estar louco se acha que vamos ter interesse em ver 5 filmes destes. Mas apesar das reações a estes rumores não terem sido muito positivas, não há que negar que Cameron deve ter um plano.

 

Atenção: estou com todo este paleio mas não gosto do Avatar. Com todas as forças do meu ser. Mas ainda sei reconhecer que, para ter anunciado logo que ainda ia fazer 4 filmes, Cameron tem um caminho muito bem pensado na sua cabeça. Ele sabe o que faz e se isso significa continuar o resto da vida a encontrar plotlines para estes filmes, ele vai conseguir.

 

Mas não, eu não gosto de Avatar. Reconheço valor no que Cameron conseguiu fazer com o filme – o homem demorou 10 anos para começar a produção porque não havia em 1996 a tecnologia que ele precisava para gravar. É impressionante a manipulação de câmaras 3D e 2D e captação de movimentos utilizada, mais o esforço de pós-produção envolvido. Para mim, o visual do filme é aquilo que verdadeiramente vale a pena e a forma como Cameron trabalhou para o conseguir.

 

O resto... Meh.

 

Tem uma história banal, probremente desenvolvida e muito pouco interessante. As interpretações não acrescentam nada de novo, e tem tantos clichés que quase parecia ter sido uma colagem de várias histórias infantis.

 

Eu até tenho Cameron como alguém que consegue ser inventivo o suficiente para tirar de histórias banais um sumo interessante. Neste caso, apesar de bater todas as teclas daquilo que pode tornar um filme banal mais interessante e de ter um argumento minimamente bem estruturado para criar curiosidade e tensão... Parece que o enredo não bate certo com o quão épica a imagem estava a ser.

 

Em todo o caso, veem mais 4 e pode ser que o caso mude. Continuo a achar que Sam Worthington não consegue interpretar nem por nada, mas talvez agora a sua história me prenda e convença mais.

 

As partes 2 e 3 foram filmadas em simultâneo e a produção acabou recentemente. Agora só temos de esperar até Dezembro de 2020 para Avatar 2, e Dezembro de 2021 para Avatar 3.

 

Quanto aos seguintes, estão marcados para 2024 e 2025, mas a não ser que os anteriores tenham sucesso a 20th Century Fox pode decidir não avançar.

REWIND: Estamos há 20 anos apaixonados por A Paixão de Shakespeare

06.11.18 | Maria Juana

“But, soft! What light through yonder widow brakes?

It is the east, and Juliet is the sun.”

 

É com estas palavras que Romeu descreve Julieta na peça que consagrou William Shakespeare como um dos maiores dramaturgos de sempre. São palavras apaixonadas, que fazem prever um destino cruzado entre duas almas que hoje sabemos estarem fatalmente ligadas.

 

Foi com Romeu e Julieta que Shakespeare ganhou o sucesso que hoje conhecemos, num século XVI que mais aprecisava cenas de ação e piadas fáceis com trocadilhos. Mas Shakespeare foi além da comédia, criando dramas e romances tais que ainda hoje são recitados e conhecidos.

 

Há 20 anos atrás, 2 argumentistas foram mais longe: escreveram o argumento de um filme que contava a origem desta peça. Levados pela ausência de informação que há sobre a vida do escritor nos anos antecessores ao seu lançamento, Marc Norman e Tom Stoppard quiseram contar como é a vida de Shakespeare inspirou a sua obra.

 

O resultado? A Paixão de Shakespeare, um dos filmes historicamente menos corretos mas que ainda assim continua a deixar-nos com o coração nas mãos sempre que o vemos.

 

Realizado por John Madden e protagonizado por Joseph Fiennes e Gwyneth Paltrow, o filme apresenta-nos ao próprio William com um forte bloqueio criativo. Fortemente pressionado pelo dono do Rose Theatre para que a sua próxima comédia fosse um sucesso, William vê-se sem inspiração para continuar a escrever – até conhecer Viola de Lesseps e redescobrir o amor e com ele aquilo que conhecemos hoje por Romeu e Julieta.

 

Foi há 20 anos que o filme estreou, não sem muita controvérsia e alguma curiosidade. Apesar de tudo isso, continua ainda hoje a ser um exemplo de arte e engenho, de romance e ação, mas também de uma Hollywood em mudança.

 

Da liberdade criativa à realidade

 

Apesar de A Paixão de Shakespeare querer contar uma parte da sua história de vida, a verdade é que o filme é totalmente ficcionado. Não existem registos de que de Viola tivesse existido e que William se tenha apaixonado por ela.

 

Na verdade, não existem registos da vida de Shakespeare entre vários anos da sua vida; é como se tivesse sido apagado da História. Foram esses anos em branco que os argumentistas usaram como tela para criar o enredo que aprendemos a conhecer.

 

O seu objetivo seria mostrar como é que tanto da sua vida terá influenciado as suas peças e não apenas Romeu e Julieta. É por isso que ao longo de todo o filme existem tantas referências a passagens ou personagens que mais tarde figuraram noutras histórias. Além disso, é quase dado como prova que este momento da vida de Shakespeare não só o permitiu escrever a peça que o deixaria tão famoso, como faria dele o escritor dramático que hoje tão bem conhecemos.

 

O filme, recorrendo a uma série de personagens e enredos tão distintos mas tão próximos da época, permitem que estes anos sejam verossímeis de ter acontecido. Não faz sentido tudo isto?

 

Tanto fez na cabeça de alguém que o filme acabou por ganhar sete Óscares da Academia, incluindo Melhor Atriz Secundária, Melhor Atriz e Melhor Filme. Se bem que os dois primeiros foram facilmente “aceitáveis” (mesmo com Judo Dench a aparecer um total de 7 minutos em todo o filme), a grande consagração foi surpreendente e algo questionada.

 

Tudo porque o romance corria em conjunto com O Resgate do Soldado Ryan, o épico de guerra de Steven Speilberg que tinha tudo o que a Academia gosta de premiar. Todos achavam que fosse este o grande vencedor, e ainda hoje muitos culpam a então mestria de Harvey Weinstein para não ter acontecido.

 

Weinstein, perguntam vocês? Aquele Weinstein? Sim, esse mesmo em que estão a pensar.  Anos antes de ser acusado de assédio sexual e de ter sido o primeiro a dar ao mote ao movimento #MeToo, Weinsten era um produtor de poder em Hollywood. O nome era reconhecido mas faltava-lhe a estatueta para o reconhecimento que queria.

 

Então fez o que qualquer produtor ambicioso faria: criou buzz em torno do filme com recurso a presenças na imprensa e programas de televisão, organizou festas, espalhou a palavra... tudo o que pudesse dizer que este era o filme de que todos estavam à procura.

 

Se foi por isso que resultou ou não, ainda hoje não podemos ter 100% de certeza. Weinstein não foi o primeiro a utilizar o espalha palavra como forma de criar mais atenção em torno de um filme, e certamente fez regressar uma tendência que há muito era praticada em Hollywood – só da fama é que não se livra.

 

O que sabemos é que 20 anos depois, A Paixão de Shakespere continua a fazer suspirar aqueles apaixonados pelas histórias simples mas cheias de significado, e pelo próprio Bardo. Ficionado ou não, a verdade é que quase que temos um pequeno vislumbre de como é que tudo poderia ter corrido. E isso é o mais precioso.