Será que o Henry Cavill vai mesmo deixar de ser o Super-Homem?
O The Hollywood Reporter foi o primeiro a lançar o pânico: graças a alguns desacordos entre Henry Cavill e a Warner Bros, o ator iria deixar o papel de Super-Homem para trás. Três filmes depois no papel de Homem de Aço, Cavill iria deixar o lugar vago.
As justificações foram várias: primeiro, um conflito de agenda que impediu Cavill de fazer um cameo no filme Shazam!. Depois, a ideia de que um filme sobre o Super-Homem não deve chegar com tanta brevidade assim, e o foco da Warner está neste momento na Supergir.
No limite, todas as justificações me parecem mui bem... se não existissem já algumas informações que nos fazem pensar que não passam de rumores. Começa num comunicado da própria Warner, a dizer que continua a contar com Cavil, passa por um enigmático post de Instagram publicado pelo ator, e termina com um artigo do TMZ a negar tudo, e a confirmar que a existir um próximo filme do Super-Homem, Cavill é o primeiro a ser considerado.
Mas afinal, no que é que ficamos?
Vamos por partes.
O THR não tem necessidade de criar um artigo baseado em rumores. A publicação afirma que recebeu de uma fonte da própria Warner a indicação de que Cavill estava fora. À primeira vista não tem motivos para mentir; é uma publicação fiável, não há nada que nos leve a pensar que não existe alguma verdade naquilo que diz.
Mas nem a Warner, nem Cavill vieram desmentir o que quer que seja. As reações foram evasivas, sem um ou sim, ou sopas que nos fizesse ficar esclarecidos. O que até faz sentido, porque tanto o THR como o TMZ afirmam que não existe nenhum filme de Super-Homem nos planos. Não existindo, faz sentido que não se saiba se Cavill estará dentro na própria incarnação do super-herói.
Como acontece em tantas outras sagas, o papel de Super-Homem está em constante mutação. Desde Christopher Reeve (que nem foi o primeiro ator a interpretá-lo) que foram já pelo menos 5 os atores a interpretar o papel em fases diferentes da sua existência, nem todas elas com capa (relembrando Smallville). Se por ventura o próximo filme estiver programado para daqui a 10 anos, é verdade que muito provavelmente Cavill esteja de fora.
E se for verdade que o objetivo agora é introduzir a Supergirl, é certo que a história nos leve novamente a uma fase diferente aquela que foi introduzida em Homem de Aço, de 2013.
Agora talvez possamos especular sobre se o título da reportagem não poderá ser enganador, visto que nada nos diz que seja verdade ou mentira.
Uma coisa é certa: ao que parece, Henry Cavill e a Warner Bros andam às turras. Ora porque pagam pouco, ora porque exigem muito, isso são casos que acontecem a toda a hora. Daí até afastarmos um ator por causa disso...
O que eu acho? É que a Warner Bros quer voltar à estaca zero. Desde que reiniciaram o Universo DC que ainda não conseguiram obter o reconhecimento crítico que a concorrência consegue. Foram chamar equipas super talentosas e competentes, mas o foco de cada uma bateu sempre ao lado.
Viu-se com o próprio Homem de Aço, mas sobretudo com Batman V Super-Homem e Liga da Justiça – possivelmente um dos blockbusters mais massacrados do ano em que saiu.
Mas sejamos realistas: os maus filmes começam com maus conceitos.
Não acho que nenhum deles seja um filme terrível. Acho, sim, que têm coisas que não fazem sentido absolutamente nenhum e que não encaixam dentro do universo que querem criar. Sou fã da abordagem que Zack Snyder e David S. Goyer pensaram para o Super-Homem – uma personagem mais sombria, com várias questões pessoais e emocionais que nos ultrapassam. À primeira vista pode não parecer certo para o Super-Homem que temos na cabeça, mas é uma perspetiva interessante e que não está muito longo daquilo que já foi visto em algumas BDs.
Pode é não fazer sentido para a visão que a Warner Bros tinha para o futuro. Se o objetivo era reiniciar o universo e fazer dele a nova Marvel, não iria nunca resultar porque Homem de Aço e Batman V Super-Homem era ótimos filmes stand alone, com uma perspetiva própria – tal como foi a trilogia de Christopher Nolan.
Quando queremos começar do zero, é para começar do zero, não para introduzir novas ondas, por muito que elas sejam necessárias.
Aí, Mulher Maravilha teve uma vantagem. Não havia pressão. Era o primeiro filme, tudo estava em aberto – não era como o Batman ou o Super-Homem, que já vimos vezes e vezes sem conta. E de tal maneira não tinha pressão que correu muito bem, mesmo.
O que acho que é que a Warner Bros nunca vai conseguir dar a volta por cima se não fizer tudo de novo. É carregar no botão dereiniciar e voltar a contar a história, como se nunca a tivessemos ouvido, e desta vez com tudo o que acham necessário para que faça sentido ou que o querem contar.
Agora, é isso que o público quer?
Eu não. Prefiro mil vezes filmes standalone interessantes, do que Ligas da Justiça forçadas só porque a Marvel também o faz. Não é obrigatório, e sendo totalmente honesta, já existem demasiados super-heróis no ecrã para nos preocuparmos com isso. Preocupem-se antes em criar histórias interessantes, independentemente do universo em que estão.
Não foi assim com o primeiro Super-Homem, e correu tão bom? Não foi assim com os Batman de Tim Burton ou de Nolan?
Então deixem a DC em paz e façam filmes porreiros para variar!