Deadpool 2 (2018) – Que comecem as chimichangas!
Sinopse: Deadpool (Ryan Reynolds) está de volta. Depois de ter ganho super-poderes e de se reencontrar com Vanessa (Morena Bacarin), tudo parace estar bem. Até que algo dá a volta na sua vida, e o nosso anti-herói preferido se vê a mãos de voltar a vingar-se dos vilões deste mundo.
Contam-se pelos dedos de uma mão as sequelas de que gosto verdadeiramente – e não estou a contar com sagas trilogias. Não, falo daquelas sequelas que só foram pensadas depois do primeiro filme ter sido um sucesso: A Ressaca 2, Homem de Ferro 2, Die Hard 2, O Rei Leão 2... You name it. Existem exceções, mas o mais provável é que o encanto que encontrei no primeiro não se repita no segundo.
O que não é uma coisa necessariamente má, porque algumas destas sequelas depois redimem-se – Die Hard 3 conseguiu ser tão épico quanto o primeiro. Mas quando gosto mesmo de um filme, o que lhe segue sabe-me a pouco.
Quando entrei na sala para assistir a Deadpool 2 sabia que ia acontecer isso mesmo. Sabia que sairia da sala desapontada, e quase a pedir para que não tivessem embarcado nesta aventura. E não é que é tão bom estar enganada?
O que nos apaixonou em Deadpool foi a sua capacidade extraordinária de doesn’t give a fuck. Tem as suas próprias regras, a sua própria ética e o seu próprio coração. Ele diz e faz o que quer e acha correto, mesmo quando lhe dizem que não é assim que as coisas se fazem. Ao mesmo tempo, tem um lado humano marcante e que sai cá para fora muito facilmente.
É por isso que o primeiro filme foi tão bom. E é por isso que Deadpool 2 consegue ser tão bom quanto o primeiro.
Em Deadpool 2, Ryan Reynolds mostra definitivamente que esta é a verdadeira encarnação do anti-herói e que é ele o ator certo para o representar. É inegável o seu carisma e a sua interpretação da história – não fosse agora ser também co-argumentista. Ele consegue muito facilmente ser irónico, ser emotivo, ser um super-herói de ação como se aquela fosse a sua pele.
O caminho que quer seguir com esta personagem está delineado desde o início. Isto é o Deadpool de que todos gostamos e que conhecemos da BD; é aquele que goza com o ator que o interpreta e com os produtores do seu filme, e que gosta de nos relembrar que o Thanos é na verdade o seu novo inimigo também (olá, Josh Brolin!).
Mas na sequela, Deadpool é também uma pessoa que tenta encontrar-se; que luta com alguns demónios, e que tem de encontrar em si a vontade de os derrotar.
Posso ter dito isto de uma forma um pouco fatalista, mas roça o verdadeiro. Em Deadpool 2, Wade Wilson é um mercenário com uma vontade e necessidade enorme de ter uma família, um grupo de apoio que esteja ao seu lado e o suporte, e isso reflete-se nas suas ações e em muito do que vemos durante o filme. Podia ter-se tornado muito mais meloso, emotivo e até negro.
Só que o bom deste argumento é que temos exatamente o contrário. Apesar da mudança que há em Wade, este é um argumento tão coeso que conseguimos que todas as peças encaixem na perfeição: o humor fácil, o gozo, as cenas de ação e sangue a o seu lado humano. Há uma mudança clara no rumo da história, em que não conseguimos perceber bem que caminho vai tomar, mas apenas para nos surpreender mais à frente.
Cable (Josh Brolin) não vai facilitar a vida a Wade. Mas bolas, está fixe!
Além disso, David Leitch consegue dirigir toda esta cacofonia num caos ritmado muito pouco sufocante. Existem muitas mudanças, muitas novas personagens, muitas coisas a acontecer que parecem não ter fim, mas Leitch conseguiu criar uma ação de entretenimento puro, sem que para isso nos sintamos cansados ou com a sensação de que algo foi longe de mais.
Em parte porque tudo vai longe de mais em Deadpool 2. Seja a sorte que nunca acaba de Domino (Zazie Beetz, e uma ótima adição ao elenco), uma pequena piada sobre os X-Men ou tantas referências ao mundo Marvel que quase parece que é de propósito.
E é. E é tão bom que as coisas que vão longe de mais de que gostamos mesmo.
Resumindo e concluindo, Deadpool 2 é uma ótima sequela do filme que nos introduziu ao anti-herói. Enquanto segue a linha narrativa do anterior, acrescenta pontos e enredos que nos ajudam a gostar ainda mais da história. Além disso, está carregado de piadas e pequenos pormenores deliciosos que nos dão um gozo muito maior, e está tão bem montado que mesmo o que parece forçado... We don’t really care.
Por isso passem pela sala de cinema mais próxima para aproveitar uma hora e meia de um entretenimento puro e sem igual. E façam o que fizerem, NÃO SAIAM DA SALA ATÉ OS CRÉDITOS TERMINAREM.
Foram avisados.
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