Vá, está na altura de deixarem de falar no cinema. Pode ser?
Há um motivo para eu não comer pipocas no cinema: fazem muito barulho. Além de me distraírem da ação que está a acontecer no ecrã, fazem um barulho muito irritante, seja a comer, seja a tirar uma mão cheia de pipocas do balde.
Não é agradável. Mas sabem o que é pior? É quando estão a tentar ver um filme, e alguém acha que está no direito de fazer comentários. Alto e bom som, para todos ouvirem. A audácia!
Aconteceu-me há umas semanas. Sentei-me nas últimas filas, como de costume, e vi logo que a noite não ia correr bem quando apareceu um grupo de amigos na sala. Eram tantos que preenchiam a última fila praticamente toda, mesmo atrás de mim. E eram barulhentos.
OK, uma pessoa dá o desconto quando estão a dar anúncios. Todos falamos, todos brincamos, e ninguém está verdadeiramente interessado em saber os efeitos do Benuron (como se já não fosse o herói cá de casa). Durante os trailers… Vá, eu deixo passar. É verdade que tenho interesse, mas como o filme pelo qual paguei ainda não começou, eu fico tranquila. Agora, se as luzes apagam, acabou a brincadeira!
Pois que para estes amigos não acabou. Eles continuaram a pensar que podiam fazer um comentário ou outro, ou a vocalizar emoções de um modo demasiado dramático. Tão dramático que o meu namorado, um paz de alma como só ele, muito agressivamente se virou e pediu para se calarem. Mão firme!
E eu pergunto-me: mas porquê, senhores? O que é vos faz pensar que todos os outros que estão na sala não se vão sentir incomodados com o vosso barulho?
Eu sei, cada vi vê filmes como gosta. Há quem prefira comentar com o amigo do lado o que vai acontecendo, e acho isso muito bem. Somos todos diferentes, e se eu gosto de estar de luzes baixas e sem barulho à volta, há quem prefira conversar. Tudo bem.
Agora, será que precisa mesmo de comentar com alguém que está na outra ponta da sala? Não, não precisa.
É triste ver que ainda há quem desconheça o respeito pelo outro. É triste perceber que, mesmo numa sociedade tolerante e independente, ainda há quem não pense por dois segundos que o seu conforto pode não ser o conforto dos outros.
Eu até me considero uma pessoa tolerante; respeito as diferenças e os comportamentos que não são iguais aos meus. Mas até a minha tolerância tem limites, que são ultrapassados quando alguém não percebe a dica de que, num filme ou espetáculo, o barulho deve estar num mínimo.
Sim?