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Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

Fui ao Cinema... E não comi pipocas!

As aventuras e desventuras de uma miúda que se alimenta de histórias cinematográficas.

Pulp Fiction e o génio de Quentin Tarantino

31.05.16 | Maria Juana

Se há pessoa que mais diverge opiniões no mundo do Cinema, é Quentin Tarantino: há aqueles que o adoram, aqueles que não o acham nada de extraordinário, e ainda os que não suportam ver nem sequer uma cena escrita ou filmada por ele.

 

Eu teimo em ficar no primeiro grupo, e lembro-me bem porquê. Já lá vão os anos em que assisti pela primeira vez a Pulp Fiction, uma das obras do mestre, e cujo aniversário é celebrado aqui no espaço, não fosse ter estreado pela primeira vez em maio de 1994.

 

Com um misto de incredulidade e espanto, assisti a cada cena pensando que só alguém muito certo daquilo que quer e das suas capacidades conseguiria fazer com que tal exemplo de loucura resultasse. No meio da confusão, dos tiros, sangue e monólogos quase intermináveis, ele consegue que a história faça sentido.

 

 

Há muitos realizadores e argumentistas loucos por aí (basta pensarmos em Assassinos Natos, o clássico de Oliver Stone também de 1994), mas poucos são aqueles cujo estilo tem marcado de tal forma o Cinema, que em uma ou duas cenas sabemos logo de quem se trata.

 

Mas Tarantino, e em especial, o seu Pulp Fiction, conseguem ir um pouco mais além: uma simples imagem ou acorde de uma música dirigem-nos de imediato para aquele universo, em que personagens cheias de carisma e com muitas balas preenchem o cenário.

 

Sou suspeita - acho que foi com Pulp Fiction que percebi que o Cinema tinha uma dimensão muito maior do que apenas contar uma história; afinal, as histórias são feitas também de rasgos de genialidade e um pouco de loucura. Como loucura é o que não falta neste filmes (e nos restantes de Tarantino), afirmo com toda a certeza que este é um exemplo de como  o Cinema pode ser uma arte tão complexa quanto qualquer pintura mais complicada de percecionar.

 

 

Encontrei em Pulp Fiction uma nova forma de ver e perceber o Cinema. É confuso mas faz sentido; é maníaco mas saudável; é um monólogo repleto de sabedoria e, ao mesmo tempo, um silêncio perturbador. Não são histórias filosóficas, que nos fazem pensar e meditar. Mas vai além do entretenimento quando um génio consegue pegar em tantas coisas diferentes, e conseguir que façam sentido.

 

Desde Pulp Fiction que fiquei fã de Tarantino. Mais do que da sua criatividade, foi a sua coragem de conseguir fazer o que poucos tentam, e mesmo assim ter sucesso, que me cativou. Lembro-me de ver Sacanas Sem Lei no cinema e de pensar nos tomates bem grandes que uma pessoa tem de ter para rescrever a história esta forma. Mais tarde, em Django Libertado, encontrei o génio cómico e disruptivo que por vezes se perde.

 

 

A cada novo filme, Tarantino dá-nos um pouco mais da sua loucura. Confesso que Os Oito Odiados não foi, de longe, o meu predileto, ou aquele em que mais reconheci o trabalho dele. Mas ele está lá, como em todas as suas criações.

 

E nós agradecemos por isso. Há uma aura em cada filme que transpira Tarantino. E é essa aura que continuamos a venerar.

 

Now, if you'll excuse me, I'm going to go home and have a heart attack.

O dia em que estreou À Procura de Nemo

30.05.16 | Maria Juana

O Trailer da Semana de hoje é diferente... Mais do que apresentar e salivar por novas imagens de um filme que está para vir, celebramos a estreia daquele que foi um dos filmes de animação mais bem-sucedido de sempre: À Procura de Nemo.

 

Corria o ano de 2003 quando o pequeno peixe-palhaço Nemo desapareceu e deixou o seu pai mais do que preocupado. Foi também aí que Marlin, o seu pai, conheceu a curiosa Dory, uma interessante criatura com um (pequeno) problema de memória.

 

 

A história era deliciosa, e conquistou-nos. Fosse pela relação entre Marlin e Nemo, ou pela curiosa amizade com Dory, viajámos até Sydney com o coração cheio, e ainda hoje recordamos com carinho a aventura pelo oceano.

 

Por isso, foi com alegria que vimos chegar a notícia de que a sequela, À Procura de Dory, estava para chegar! Vamos continuar a nadar, desta vez para ajudar a nossa heroína a encontrar a sua família há muito perdida. Um novo trailer inundou a internet esta semana, e não podíamos estar mais expectantes:

 

 

Preparem os fatos de banho e o material de mergulho, porque a aventura em alto mar vai recomeçar! Desta vez o destino é a Califórnia, onde os pais de Dory podem estar. Será que os vão encontrar? Será que Dory vai lembrar-se da sua casa?

 

Pouco sabemos, mas as gargalhadas vão ser definitivamente uma certeza. E é bom ver que ainda existem sequelas que estão ao nível dos filmes originais de que tanto gostamos - até porque sabemos que a Disney não é mestre no que toca à arte das sequelas... Com algumas exceções, e praticamente todas responsabilidade da Pixar, as segundas partes deixam sempre alguma coisa a desejar.

 

Mas À Procura de Dory tem tudo para dar certo. A aventura será uma constante, e tem todos os ingredientes que nos fizeram apaixonar pelo primeiro filme.

 

Entre miúdos e graúdos, foram milhões aqueles que se deixaram levar pela viagem de Marlin. Hoje, são esses mesmos milhões (e mais uns quantos que entretanto se reproduziram) que aguardam ansiosamente a demanda de Dory.

 

 

Os filmes de animação continuam a ser a minha perdição. Gosto de ver desenhos-animados, e filmes que me façam relembrar o quão bom era ser criança. Gosto de rir, de ser surpreendida, e de ver como as nossas adaptações continuam a encantar-me.

 

Dos mais recentes, este é daqueles que espero com mais expectativa.  E no dia em que celebramos o aniversário do original, relembramos que faltam apenas poucas semanas para que Dory volte a entrar nas nossas vidas.

 

É que nós, apesar de todos estes anos à espera...nunca nos esquecemos dela.

Alice do Outro Lado do Espelho (2016): acreditar no impossível

27.05.16 | Maria Juana

Sinopse: anos depois da sua viagem ao País das Maravilhas, Alice (Mia Wasikowska) vê-se de novo em Londres, vinda de uma longa viagem até à China no navio do seu pai. Mas quando descobre que o Chapeleiro (Johnny Depp) está em perigo, cabe a si regressar ao mundo da fantasia e voltar atrás no tempo para salvar o seu amigo.

 

 

Em 2010, quando Tim Burton mostrou ao mundo a sua versão de Alice no País das Maravilhas, foi-nos apresentada uma nova perspetiva da história. Em cenários cheios de cor, personagens que enchem o ecrã (não, não estou apenas a falar da cabeça da Red Queen, belamente interpretada por Helena Bonham Carter), e um argumento que vai além do clássico de animação da Disney, o País das Maravilhas mostra-nos aquilo que tem de bom... e de mau.

 

Na altura, as críticas dividiram-se: alguns amaram, outros nem por isso, e lá pelo meio apareceram aqueles que louvavam a imaginação de Burton, mas sentiram que faltava qualquer coisa na história.

 

Com esta sequela, que chegou seis anos mais tarde, não nos afastamos dessa opinião. A atmosfera e a loucura das personagens mantem-se, bem como os cenários fantasiosos e tudo o que nos fez apaixonar por Alice da primeira vez. Mesmo com James Bobin a dirigir em vez de Burton (que ficou apenas pela produção), não perdemos o rumo e é uma sequela digna desse nome.

 

 

Mas mesmo assim, continua a faltar qualquer coisa. O quê? Ainda tenho algumas dúvidas... A verdade é que adorei todo visual do filme, as suas cores e os close-ups que, em IMAX, ganham uma dimensão que de outra forma seria difícil encontrar (e sim, vale a pena o investimento para ver em IMAX). Saí do cinema pensando que são poucos os filmes que nos atraem visualmente, e que nos alegram só com os seus cenários.

 

A própria mensagem é muito interessante e bonita: vive no presente, e aprende com o passado. Quando tem de voltar atrás no tempo, Alice aprende a difícil lição de que, mesmo que queiramos muito, o tempo não volta para trás, e temos de lidar com isso. Julgo que não há ninguém que não se relacione com a situação e, portanto, acaba por nos reconfortar e faz-nos gostar ainda mais da história.

 

É claro que saímos satisfeitos da sala. Mas parece que passou tudo demasiado depressa. De segundo a segundo, algo novo acontece; uma nova reviravolta, uma nova descoberta, um novo detalhe que nos parece escapar.

 

Não deixa de ser uma história rica, que nos apresenta não uma, mas duas revelações, e que nos permite conhecer melhor o País das Maravilhas e os seus habitantes. É a sua inocência que nos cativa, mais do que a sua história.

 

 

Sim, vão sair da sala com um sorriso nos lábios. E com a alegria de que, por vezes, acreditar no impossível é a única coisa de que precisamos para que tudo seja possível. Não é perfeito, mas também, ninguém o é.

 

Aproveitem a boleia e assistam a um filme que, acima de tudo, é bonito de se ver. A fantasia reina, e a nossa imaginação voa. Se também saírem com a sensação de que falta alguma coisa, façam como eu e imaginem tudo o que de bom conseguiram encontrar. Vão ver que o sorriso chega num instante.

Drive In #15 - As 5 piores sequelas da Disney

26.05.16 | Maria Juana

Saiu, há uns dias, a notícia de que a Disney está a preparar o filme da irmã mais nova de Branca de Neve. Para já, temos poucos pormenores: sabemos que se chama Rosa Vermelha, e que vai ter início no momento em que Branca de Neve morde a maçã envenenada. É nessa altura que a irmã mais nova se junta aos anões para salvar a princesa do seu fatídico destino.

 

Ainda não há confirmações sobre se será um filme de animação pura ou live action mas, seja como for, parece-nos um pouco forçado. Branca de Neve foi o primeiro filme a cores da Disney, lançado nos anos 40 do século passado, e ainda hoje um dos mais acarinhados. Será mesmo necessária esta sequela/prequela/o nome que se dá a um filme que começa no meio de outro...midquela?

 

Já sabemos que a Disney não prima pelas boas sequelas. Contam-se pelos dedos de uma mão aquelas que realmente tornaram melhor o filme original, ou que, no mínimo, faziam algum sentido. E já que estamos em vias de ver chegar mais uma destas obras primas, achámos por bem fazer uma lista das 5 piores sequelas, que quase arruinaram a nossa infância!

 

5 - Papuça e Dentuça 2

 

 

Se bem se lembram, a par do Bambi, esta foi das histórias mais tristes e deprimentes que alguma vez coube numa VHS. Dentuça é uma pequena raposa orfã, adotada por uma simpática velhinha, cujo vizinho tem um cachorrinho de caça, Papuça. Os dois ficam super amigos mas, no fim, a vida leva-os por caminhos diferentes, e a amizade tem de terminar.

 

Como se já não bastasse a tristeza geral da coisa, a Disney decidiu esfregar um pouco de sal na ferida e criar, lá está, uma midquela: pouco tempo depois de se conhecerem, Papuça junta-se a uma banda com outros cães de caça, e descura a sua amizade com Dentuça. No final, acabam amigos forever como dantes...só que nós já sabemos o que vem a seguir, não é? Desilusão e amargura. Lágrimas...e a realização de que perdemos uma hora da nossa vida a ver um filme péssimo. Mais valia nunca termos desligado do Batatoon.

 

4 - Crocunda de Notre Dame 2

 

 

Quantas vezes viram o Crocunda de Notre Dame? Pois, eu sei, por isso não vale a pena contar-vos a história. Vamos apenas dizer que o pobre Quasimodo, com a sua aparência diferente, não conseguiu conquistar muitos corações, apesar de o resto da aventura ter acabado em bem.

 

Por isso, a Disney acho que era de bom tom dar-lhe uma namorada, juntando num so filme todos os clichés de uma comédia romântica: boy meets girl, apaixonam-se, mas é impossível, mas no fim ficam juntos e tudo o que importa é a beleza interior.

 

Ao menos, mantiveram-se coerentes com a moral, apesar do filme não ter ponta por onde se lhe pegue.

 

3 - A Bela e o Monstro: Natal Encantado

 

 

A Bela e o Monstro é um dos filmes mais icónicos da Disney. Toda a gente reconhece, onde quer que seja, o vestido amarelo e aquela biblioteca de sonho. Portanto, nada melhor que estagar o original com uma famosa midquela, não é?

 

Pois claro! Por essa razão, decidiu-se que a situação de refém da Bela devia ser aprofundada, e o filme decorre enquanto ela ainda está sob a prisão do castelo do Monstro - que ainda é, enfim, um Monstro. Nesta midquela, Bela tenta fazer com que o seu captor se torne mais humano ao lembrá-lo da magia do natal. Mas quem não fica nada contente é um orgão encantado, de seu nome Maestro Forte: acha que se o Monstro voltar a ser Príncipe, vai-se esquecer completamente daquele seu fiel servo. E então, decide que a sua missão é estragar o relacionamento dos pombinhos.

 

Como sabemos, não resulta, e a coisa acaba em bem, o que torna este filme uma coisa a que nós, cá na pátria, gostamos de chamar “encher chouriços”. Ou, na lingo da Disney, “precisávamos de um filme para ir diretamente para VHS, sem passar pelas salas de cinema e receber os milhões”.

 

2 - Rei Leão 1 ½

 

 

Ninguém nega que Timon e Pumba são das personagens cómicas com mais sucesso no mundo da Disney. E é merecido! Mas eu gostava de saber quem se lembrou de fazer este filme - que, como o nome indica, é uma...adivinhem: midquela! - sob a premisa de que todos os momentos importantes ou grandiosos no Rei Leão original são culpa...dos puns de Pumba.

 

Não, não estou a brincar! Como sabem, no filme original é-nos dito que Pumba sofre de alguns problemas intestinais, e que flautulência é uma cena que o assiste. É uma situação que tem alguma piada e que safa alguns personagens de situações apertadas...mas um filme só com base nessa piada torna-se chato e perde interesse passado 10 minutos.

 

E pior: na cena épica, no início - com “O Ciclo da Vida” a tocar no fundo -, em que o pequeno Simba é apresentado ao mundo, lembram-se de como os outros animais se ajoelham e fazem uma vénia? Pois, segundo este Rei Leão 1 ½ eles não se ajoelham: caem para o lado com o fedor de Pumba.

 

1 - Pocahontas 2

 

 

Há uma razão para este filme estar em primeiro lugar. É tão mau, tão mau que toda a gente envolvida no original devia estar a olhar de lado as pessoas que se lembraram de criar tamanha bosta.

 

Pocahontas decide ir em missão diplomática até Londres, para convencer o Rei de que o seu povo não é selvagem, e que uma expedição até às suas terras não é necessária. O vilão Radcliffe vai tentar impedi-la a cada passo, mas o diplomata John Wolfe está a postos para a ajudar...e apaixonar-se por ela. Mas eis que, de repente, o passado faz-lhe uma visita: John Smith, que afinal nao morreu na viagem, está mais que vivo e pronto a reconquistar o seu amor.

 

É a tipica história: mulher vive a história de amor da sua vida, com O Tal, mas é impossível...então segue em frente, encontra novo amor, mas terá de escolher entre o inigualável apelo do passado, ou a incerteza mágica do futuro. MAS ELA NÃO ESCOLHE JOHN SMITH!!!! COMO ASSIM? Apenas destruindo sonhos de infância de que os grandes amores são para sempre.

 

Obrigada, Disney.

 

DeLorean

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Da animação para o live-action – o caso de A Bela e o Monstro

25.05.16 | Maria Juana

2017 será um ano de expectativas. Mais do que isso (com a estreia de Power Rangers ou Mulher Maravilha), será um ano de regressos: há o novo capítulo de Thor e Homem-Aranha, a ode ao passado de Marés Vivas, e o muito antecipado live-action de A Bela e o Monstro, com Emma Watson, Ewan McGregor, Luke Evans e Dan Stevens.

 

Há algum tempo que se sabe que o filme está em produção, mas só agora conseguimos ver as primeiras imagens com um teaser trailer que, mais do que nos deixar com água na boca e lágrima no canto do olho, faz-nos roer as unhas até o ano que vem.

 

 

 

Talvez seja melhor começar por dizer que A Bela e o Monstro é um dos meus clássicos Disney favoritos. Não sei se é daí a minha paixão pela leitura, mas sempre vi a Bela como o exemplo de mulher que segue o que quer, o seu coração, independentemente do que muitos possam esperar de si.

 

Vindo de mim, que critico as sequelas e remakes desse Hollywood, pode parecer estranho que esteja a receber com tanto entusiasmo uma nova adaptação de um dos meus filmes prediletos. Confesso que a dualidade pode deixar alguns confusos.

 

Emma Thompson dá voz a Mrs. Potts, o animado bule de chá que fez as nossas delícias em criança. Imagem: Kirk McKoy / Los Angeles Times)

 

Os nomes envolvidos no projeto podem ter alguma coisa a ver com o assunto. Além dos referidos em cima, Emma Thompson e Ian McKellen também fazem parte do lote de atores, dirigidos por Bill Condon (um nome não muito conhecido, mas que já foi responsável por Dreamgirls). É impossível não ficar pelo menos com a pulga atrás da orelha!

 

Mais do que isso, as primeiras imagens mostram um ambiente e visual semelhantes ao filme original, só que... Bem, com pessoas. Uma tendência que ganhou mais poder este ano, com a estreia de O Livro da Selva, e que deverá continuar enquanto existirem filmes de sucesso disponíveis para adaptar.

 

Pelo menos este quero ver. E vou ficar aqui meses e meses angustiada pela espera!

Óscares da Academia – 87 anos de glória e elegância

20.05.16 | Maria Juana

Reza a história que, a 16 de maio de 1929, mais de 200 pessoas se reuniram para assistir à primeira entrega dos prémios da Academia de Cinema dos Estados Unidos. Os vencedores já eram conhecidos (tinham sido anunciados meses antes na comunicação social), só faltava entregar a estatueta que havia de fazer história. E foi num jantar que durou 15 minutos, que começou um ritual de apreciação ao Cinema que ficou até aos dias de hoje.

 

São os mais conhecidos prémios de Cinema em todo o mundo, e despertam paixões, apostas, discórdia e… muito dinheiro. Seja para os fãs de Cinema que querem ver os seus preferidos reconhecidos, para os admiradores de moda que gostam de ver a passadeira vermelha, ou para os entusiastas que absorvem tudo isto, é uma noite esperada com antecipação ao longo de todo o ano.

 

Não o era assim em 1929, quando começou. Os vencedores eram premiados pela sua prestação em várias áreas ao longo do ano anterior, não apenas por uma performance num só filme. Aliás, só na década de 40 é que os vencedores começaram a ser anunciados na noite da cerimónia.

 

Emil Jannings, a primeira pessoa a receber um Óscar, considerado o melhor ator de 1928. 

 

As categorias eram poucas, mas foram crescendo ao longo dos anos. Hoje, são entregues 24 estatuetas douradas, que representam o valor do trabalho de vários tipos de pessoas da indústria, com projetos mais ou menos distintos. Ganhar numa destas 24 categorias dá prestígio e adoração… O que, como todos sabemos, vale o que vale.

 

Dizem os mais puristas que os Óscares são talvez uma farsa, que não celebram o Cinema mas sim o glamour a ele associado. Talvez… Pessoalmente, gosto de acreditar que qualquer cerimónia que esteja disposta a premiar bons filmes é digna de ser reconhecida e, nisso, a Academia tem tendência a acertar.

 

Nem sempre estamos de acordo, e é claro que existem interesses que, por vezes, vão além do mero Cinema (não nos podemos esquecer que a Academia é composta por pessoas com opiniões e valores pessoais, e naturalmente que isso vai influenciar a sua votação). Mesmo assim, não devemos desprezar qualquer momento que leve milhões de pessoas a consumir Cinema, e a perceber que existem muitos mais filmes do que aqueles que encontramos nas salas ou nos serviços de pirataria.

 

Foi apenas em 1953 que a cerimónia dos Óscares passou a ser reproduzida na TV. Até aí, já tinham sido agraciados com a estatueta nomes como Clark Gabble, Ingrid Bergman, Judy Holliday, Vivien Leigh, Humphrey Boggart, Audrey Hepburn, e tantos outros que ficaram para a História.

 

Ingrid Bergman venceu o Óscar em 1945 pela prestação em Meia Luz, depois de ter sido nomeada pela primeira vez no ano anterior por Por Quem os Sinos Dobram. 

 

 

Em 2016, a contagem vai quase em três mil prémios concedidos pela Academia, e tantos outros ficaram por dar. Eu gosto de pensar que os Óscares são um ótimo momento para discutir, falar e transpirar Cinema. É injusto para as restantes cerimónias igualmente merecedoras? Talvez. A verdade é que nem os BAFTA em Inglaterra, os César em Espanha, ou até os Sophia no nosso Portugal despertam tantas emoções (e os Sophia este ano até premiaram uma das obras de comédia e sátira de 2015, Capitão Falcão, algo não muito comum nos restantes países).

 

Mesmo assim, nada como uma noite em que as senhoras andam de vestidos de princesa e os senhores de smoking, com pipocas no colo e muita dose de cafeína para aguentar a madrugada, para que o Cinema seja rei.

 

Só temos de tentar dar-lhe atenção também nos restantes dias do ano…

Trailer da Semana: Assassin’s Creed

16.05.16 | Maria Juana

Dos videojogos para o grande ecrã: depois de World of Warcraft (o conhecido jogo de estratégia online que chega aos cinemas em junho), chegou a vez de ficarmos a conhecer o que nos espera da adaptação de Assassin’s Creed.

 

A primeira imagem, bem como o primeiro trailer, deste que é um dos videojogos preferidos nas consolas, chegaram-nos esta semana, e a expectativa aumenta.

 

 

 

 

A saga de Assassin’s Creed começou em 2007, quando a Ubisoft lançou o primeiro capítulo do videojogo. A premissa era relativamente simples: o protagonista era Desmond Miles, um empregado de balcão que descobre que descende de um grupo secreto chamado Assassinos, ligados ao início dos tempos e da Humanidade.

 

Miles é então raptado e obrigado a utilizar um avançado equipamento tecnológico para voltar atrás no tempo e reproduzir as viagens dos seus antepassados, e encontrar uma data de artigos valiosos. Enquanto isso, viaja por várias épocas da História ao longo dos nove jogos da saga, que foram introduzindo novas personagens.

 

O que acontece a Miles é também o que acontece a Callum Lynch, a personagem interpretada por Michael Fassbender na adaptação para cinema. Se bem que os fãs do videojogo ficaram com algum receio que a adaptação não fizesse jus ao original, acredito que não deverá haver problemas com isso.

 

Principalmente porque a Ubisoft, a produtora do videojogo, tem tido um papel ativo desde o início, e foram até os responsáveis pela escolha de Fassbender para o papel. Além disso, optaram por um argumento independente daquele que já foi utilizado nos videojogos, para que não interfira com futuros capítulos jogáveis.

 

 

 

Tenho os jogos cá por casa, e sou fã (há uma pequena gamer em mim), sobretudo graças aquele plot repleto de pormenores históricos. Por isso, recebi bem a notícia da adaptação para filme.

 

Além disso, o elenco é muito interessante: Fassbender está acompanhado por Marion Cotillard, Brendan Gleeson e Jeremy Irons, o que me faz acreditar que esta possa ser uma aposta vitoriosa.

 

As certezas só vão chegar em dezembro, quando Assassin’s Creed chegar às salas de cinema. E vou querer tirar as teimas.

O flagelo dos remakes – Parte II

11.05.16 | Maria Juana

A minha semana não foi fácil. Entre péssimos dias e necessidade de descanso, poucos foram os momentos em que consegui concentrar-me em ver alguma coisa que chamasse a atenção. Para piorar ainda mais a situação, quais são as notícias que vejo com mais destaque? Dwayne “The Rock” Johnson vai protagonizar uma nova versão de Jumanji, e Josh Boone (o realizador que nos trouxe A Culpa é das Estrelas) está a trabalhar numa nova versão de Entrevista Com o Vampiro.

 

Acho que não preciso mostrar mais o meu desagrado por saber que tais coisas vão acontecer – basta falar da situação, que começo a ver a minha pequena raiva a crescer!

 

anteriormente mostrei que não sou fã de pessoas que acham que podem pegar em filmes clássicos e fazer deles o que querem. Pensei isso de A Múmia, e penso o mesmo sobre cada um destes filmes.

 

Sobretudo porque Jumanji é um dos filmes da minha vida. Não me perguntem porquê, mas sempre que passa na TV sinto uma força inexplicável a puxar-me para o sofá. Vejo do início ao fim, sei perfeitamente o que vai acontecer a seguir, e no final grito com Alan e Sarah aquele “NO!” que vai impedir os pais de Judy e Peter de irem esquiar nas férias.

 

Fez em março 10 anos que Jumanji estreou nos cinemas, e ao que parece, segundo as palavras do próprio The Rock, esta é uma forma de homenagear Robin Williams. Huummm… Não digo que não, mas se um é tão bom, porquê regressar?

 

 

O mesmo acontece com Entrevista Com o Vampiro. O clássico de 1994 (que nos traz uma inocente Kristen Dunst a dar o seu primeiro beijo com Brad Pitt) parece que já tem um argumento pensado, e Jared Leto é uma das possibilidades para interpretar Lestat (outrora protagonizado por Tom Cruise, um dos únicos papéis em que gosto de o ver). Um remake, uma sequela? Não sabemos ainda, e estou a deixar as expectativas em baixo.

 

Não digo que não seja interessante ter novas perspetivas de histórias e narrativas que já sabemos que nos encantam. Por exemplo, no caso de Entrevista Com o Vampiro, se de facto for uma sequela, talvez seja interessante ver como Leto (caso aceite o desafio) agarra no papel.

 

Sou a favor disso tudo. O meu grande “problema” é que estes filmes, como tantos outros, são únicos e icónicos por um motivo – seja porque nos tocam, porque a sua história é intemporal, porque de facto estão muito bem construídos… não interessa. O importante é que existe algo neles que nos faz continuar a vê-los como um exemplo dos nossos filmes de culto.

 

Pegar nas mesmas histórias e, quiçá, personagens, e criar novos filmes vai-lhes retirar a magia, porque vamos passar a lembrar-nos também do mauzinho filme que não chegou aos calcanhares do primeiro. Vamos deixar de pensar apenas naquele espécimen fantástico como clássico, e ter sempre um crédito de pessimismo para o mais recente.

 

E perguntam os menos céticos: então e se os remakes até forem fixes? Sou a primeira a voltar atrás com a minha palavra. Mas não será melhor pensar assim? Conseguirão mesmo ser tão bons como os primeiros?

Audrey Hepburn – quando Hollywood transpirava classe

04.05.16 | Maria Juana

Era uma vez uma Hollywood em que as senhoras tinham uma classe sem igual. Elas deslizavam, transpiravam elegância e irradiavam luz em cada sala em que entravam. 

 

Ou, pelo menos, assim era com Audrey Hepburn, uma bailarina belga que se tornou uma das atrizes mais conhecidas em todo o mundo. Como? Com fortes interpretações e uma beleza que ia além do exterior, que hoje celebramos naquele que seria o dia do seu aniversário.

 

 

Talvez muito se tenha devido à sua infância e crescimento: filha de pai britânico e mãe holandesa, e com ascendência aristocrática, Hepburn desde cedo viajou e fez da Inglaterra a sua casa. Mas, possivelmente a época que mais a marcou foi a Segunda Guerra Mundial, altura em que viveu na Holanda com a mãe, e que testemunhou as atrocidades feitas aos judeus seus conterrâneos. Mais do que isso, ela própria sofreu na pele as consequências da guerra, passando fome e contraindo doenças que, mais tarde, a impediram de perseguir o sonho da dança.

 

Mas nasceu uma atriz – e uma das melhores da sua geração, acho que estou na posição de afirmar. Primeiro com pequenos passos, no início da década de 50, depois em grande e cheia de si quando, em 1953, protagonizou um dos primeiros filmes a serem gravados num país estrangeiro: Férias em Roma - que, mais tarde, lhe valeu o seu primeiro e único Óscar da Academia.

 

Recordo-me vagamente da primeira vez que vi Hepburn a representar. Foi possivelmente em Sabrina, assim de relance e como quem não quer a coisa. A voz doce, a face suave e cativante, a expressão que nos prende só de olharmos a primeira vez… Não ganhava eu uma das minhas atrizes de eleição, como a minha primeira girl crush.

 

 

O porquê não consigo explicar. A verdade é que, quantos mais filmes assisto com a participação de Hepburn, mais me faço crer que a sua elegância e crueza (no sentido em que é real, transporta-nos para outra época e faz-nos sentir na pele tudo aquilo que a sua personagem sente) ficaram perdidas numa Hollywood que teima em não voltar.

 

Desde a dama indefesa que Hollywood teimava em mostrar nos seus filmes, à mulher independente trabalhadora que sonhava com joias Tiffany em Breakfast at Tiffany’s (das poucas vezes em que me recuso a utilizar o nome em português), passando por uma cega lutadora em Os Olhos da Noite, e até a eterna apaixonada de Robin dos Bosques em A Flecha e a Rosa, ao lado de Sean Connery, a complexidade e polivalência de Audrey Hepburn é, no mínimo, encantadora.

 

São muitas as caras que vão passando ao longo dos anos pelo grande ecrã; a cada 365 dias, centenas de novos atores são estrelas de pequenos e grandes filmes, para serem considerados novas promessas. Desses, poucos são aqueles que ganham fama mundial, que reconhecemos por nome ou cuja cara nos faz recordar um filme ou momento.

 

Estrelas como Audrey Hepburn são diferentes. Mais do que uma associação a nome ou filme, a sua presença é intemporal e vai de geração em geração como símbolo de uma era, em que a beleza era acompanhada por talento e bondade inatos, e quando o corpo era apenas um meio e não um acessório.

 

 

Sem desmérito para as excelentes atrizes que hoje nos acompanham, Hepburn tinha uma luz que poucas (ou mesmo poucos, pois é transversal a género) conseguem igualar.

 

Opportunities don’t often come along. So, when they do, you have to grab them.”

 

Hepburn aproveitou as suas oportunidades como ninguém, e dedicou uma vida à arte e a ajudar aqueles que mais precisam - foi até homenageada pelo Presidente dos Estados Unidos (na altura, George W. Bush Sénior) com a Medalha Presidencial da Liberdade, pelo seu trabalho como Embaixadora da Boa Vontade da UNICEF.

 

Mais do que uma atriz que nos inspira no seu trabalho, é uma mulher que transpira valores a que todos devíamos almejar. Quase parece que a sua idolatração roça a de uma deusa… Talvez não tanto, mas a verdade é que poucas são as pessoas que marcam tantas gerações como aquelas que Audrey Hepburn marcou. E, por isso mesmo, hoje celebramos a sua vida, as suas conquistas e as maravilhas que nos deixou.

Trailer da Semana – Snowden

02.05.16 | Maria Juana

Em 2013, o mundo ficou de boca aberta depois do norte-americano Edward Snowden ter revelado a toda a gente que existiam programas de vigilância desconhecidos que, mesmo sem sabermos, seguiam os nossos passos. O próprio Snowen terá ficado incrédulo com a descoberta, tendo revelado a jornalistas todas as informações confidenciais a que teve acesso.

 

A história fez correr tinta em todo o mundo, e ainda hoje o faz. É, por isso, normal que Hollywood tenha querido criar um filme que contasse a história - e eis que nos chega o primeiro trailer de Snowden, pela mão de Oliver Stone.

 

 

Protagonizado por Joseph Gordon-Levitt (um quase camaleão no que toca ao cinema, depois de ter interpretado uma versão jovem de Bruce Willis em Looper – Reflexo Assassino, e o francês Philipe Pettit em The Walk: O Desafio), Snowden quer contar a história por detrás das revelações bombásticas, e por trás do homem que tudo nos contou.

 

Gordon-Levitt não vem sozinho, e está acompanhado por um elenco de luxo: eles são Shailene Woodley, Zachary Quinto, Scott Eastwood e até uma participação especial de Nicolas Cage.

 

O que nos deixa curiosos por Snowden, além da realização de Oliver Stone (é o seu regresso às longas-metragens depois de Selvagens, de 2012), é a própria história. Edward Snowden deu a conhecer uma realidade que sempre fizemos por negar. Sermos vigiados constantemente? Isso é possível?

 

Graças a Snowden, sabemos que sim. A revelação obrigou-o a procurar exílio na Rússia, onde lhe foi garantida permanência durante três anos. É possivelmente aí que vai assistir ao filme, que em Portugal tem estreia marcada para setembro.