The Hunger Games: A Revolta - Parte I (2014)
A opinião generalizada é que A Revolta - Parte I é um filme fraquinho, que deixa muito a desejar aos fãs dos filmes anteriores ou da saga literária. E a verdade é que saí da sala pensando que faltava qualquer coisa, que não teve o mesmo encanto que os restantes. Só depois percebi: é difícil chegar ao patamar dos anteriores, quando a história muda tanto de um capítulo para o outro.
Katniss saiu da arena e viu-se no meio de uma revolta que já atingiu os 13 distritos (sim, 13). Peeta é feito prisioneiro do Capitólio, enquanto a heroína se transforma na arma dos rebeldes contra o Poder; é o Mockingjay (ou, se quiserem aqueles que preferem a versão portuguesa, o Mimo-Gaio). Por entre estratégias, promos televisivas e algumas destruições, a revolta chegou, e para ficar.
Não deixa de ser um filme mais parado, talvez com menos encanto do que os antecessores: há mais drama, mais introspeção, mais fatores psicológicos do que a corrida desenfreada dentro da arena; não existem vestidos glamorosos, mas macacões sem personalidade, e os cenários cheios de detalhe foram substituídos por uma “masmorra” subterrânea. É, se quiserem, mais insípido.
A decisão de dividirem o último capítulo em dois filmes não foi aceite de ânimo leve, com medo que houvesse um enorme enche-chouriços. Depois de ter visto a primeira parte do resultado final, creio que foi pelo melhor; os acontecimentos são explicados com calma, não existem pressas nem correrias para conseguir compilar tudo em apenas duas horas e meia de filme.
Podem dizer que A Revolta - Parte I está "pior" do que os anteriores, mas é também uma consequência da evolução da história. Estamos a entrar num cenário de guerra, em que o povo está revoltado e preparado para lutar. É esse o ambiente que tem de ser mostrado, e Francis Lawrence conseguiu fazê-lo da melhor forma, criando até algum espaço para o ocasional humor a que estamos habituados.
Com ele tem uma equipa de extraordinários profissionais, que nos fazem acreditar que Peeta foi mesmo torturado e que Effie está num mundo completamente diferente aquele a que está habituada – por favor, já olharam para a cara dela? Ela está longe do Capitólio, dos seus luxos e exuberâncias, e nada como uma cara lavada para o mostrar.
Qualquer pessoa envolvida está irrepreensível, e não há nada sobre isso que possamos dizer. Não vale a pena elogiar Jennifer Lawrence (se bem que um pouco “apagada” deste vez, bem como a sua personagem o exige), ou afirmar que Julianne Moore foi uma ótima adição ao elenco; são factos!
O que não é um facto é a certeza de que este filme nos deixou com vontade de conhecer o resto, e deixou-nos pendurados na corda até ao ano que vem. Aqui vamos ficar, com as expectativas mais elevadas do que nunca.