Drive In #5 - The Expendables
O holofote do Drive In ilumina, esta semana, um filme que está na lista (em várias, até) dos melhores piores filmes de sempre. Vá, algumas pistas: é realizado e protagonizado por Sylvester Stallone; outros membros do elenco são nomes como Jason Statham, Bruce Willis, Mickey Rourke, Jet Li e Arnold Schwarzenegger (num pequeno cameo). Tem tantos produtores como eu anos de vida – e todos sabemos que, normalmente, isso não é um bom augúrio. Já adivinharam?
Estou a falar, é claro, do The Expendables.
A história segue um grupo de mercenários, contratado pela CIA para aniquilar um ex-operacional da agência e um ditador de uma ilha ao largo do Golfo. Nunca sabemos absolutamente nada sobre como é que o grupo se formou ou por que razão se chamam Expendables – mas como diria Teresa Guilherme, isso agora não interessa nada.
Devo admitir que, inicialmente, fui ver este filme sem perceber porque é que estava praticamente em todas essas listas menos boas. Tem uma pontuação mediana no IMDB (6.5/10), e até a tia Teté, habituada às lides do jet set, ia ficar espantada com tanto ator famoso no elenco, todos peritos em ação de todo o tipo – desde as artes marciais ao boxe e à pancadaria pura e sem classe. Portanto, como é que a coisa podia correr mal?
Bom, até pode. Mas só um bocadinho.
Logo ao início, começo a distrair-me com os efeitos especiais manhosos nos lasers das armas dos nossos mercenários, assim ao nível do Godzilla em 1998. E a primeira morte? Foi mais ou menos como se o lagarto himself tivesse feito um pequeno featuring, tal não foi o soft gore que se viu – e que é uma constante durante todo o filme.
Por outro lado, os diálogos puxaram-me de volta para o filme em si: apesar de simples, são recheados de humor, e fizeram o eterno Rocky subir uns pontos na minha consideração, dado que, para além de realizador desta obra prima, Sly também teve dedo no argumento. Aliás, e na minha humilde opinião, escreveu uma das melhores cenas de sempre, em que Schwarzenegger entra numa igreja like a boss, onde Bruce Willis e Sly Stallone estão à sua espera, e a conversa que se segue é completamente surreal….mais valia ter escrito “o austríaco, o americano e o Rambo entram num bar….”.
Mas este filme não se fica por aí em cenas memoráveis. Mickey Rourke, no tempo livre em que não é mercenário, é um tatuador de tal ordem, que escreve quatro letras em script complexo em menos de dez segundos nas costas de Stallone! E depois? Depois entra num momento de reflexão e introspeção, em que fala sobre “acreditar na alma” e “partes do corpo humano”. Estranho, sim, mas nas entrelinhas passa a mensagem de que os mercenários são humanos e também têm coração, e que é um trabalho tão ou mais desgastante do que qualquer outro - o que é engraçado, porque não deixa de ser um paradoxo e fala à complexidade dos personagens, num filme que é, essencialmente, cliché.
Apesar disso, as doses de ação são q.b., em quantidades moderadas, nos timings certos e muito bem coreografadas. Já em termos técnicos, não é nenhuma maravilha: a fotografia é um bocado amadora (sem ser horrível), e fora os efeitos especiais que eu usei nos meus trabalhos do 6º ano, não é um filme mal editado. Stallone fez um bom trabalho na realização, apesar de o foco do filme ser praticamente todo nele próprio (e que tal uma fatia de humble pie, Sly?), e as interpretações serem medianas, at best….
….com a exceção das veias de Stallone, sempre dentro do frame e prontas a brilhar.
I promise I’ll always be around,
DeLorean